Home Meio Ambiente Fumaça de incêndios no Pantanal deve chegar em BH no fim de semana

Fumaça de incêndios no Pantanal deve chegar em BH no fim de semana Queimadas no Pantanal aumentaram 240% no acumulado deste ano comparado a 2019, e 10% do bioma já foi afetado.

16 de setembro de 2020, 23h18 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

A fumaça das queimadas que ocorrem no Pantanal há um mês deve atingir estados do Sudeste nesta semana. A previsão é que o fenômeno seja provocado por uma frente fria que se aproxima do litoral do Sudeste e muda o fluxo do vento. Desde o início do ano o Pantanal perdeu mais de 10% de sua cobertura vegetal, cerca de 1,55 milhão de hectares.

A possibilidade, que poderá deixar o céu alaranjado, é acompanhada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e dependerá da mudança dos ventos no Brasil.

De acordo com o Inmet, a predominância de ventos em Minas está movimentando a fumaça por causa de uma frente fria que se aproxima do litoral do Sudeste e muda o fluxo do vento, trazendo nuvens e fumaça da região Centro-Oeste para o Sudeste.

Algumas alterações já são observadas em São Paulo, mas a expectativa é de que a fumaça apareça no território paulista com mais intensidade a partir de quinta-feira (17), chegando sexta-feira ao Rio de Janeiro e ao centro-sul de Minas Gerais, inclusive na região da grande Belo Horizonte. Com isso, é provável que o céu fique com um aspecto alaranjado nesses locais.

Ainda há indicação de que a fuligem proveniente das queimadas no Pantanal cheguem a São Paulo no fim desta quinta-feira (17), alcançando as regiões do Sul de Minas e Triângulo Mineiro entre sexta (18) e sábado (19).

No Rio de Janeiro também há previsão de algumas pancadas de chuva no sábado. Com a fumaça das queimadas na atmosfera, é possível que ela carregue esses poluentes e se torne um pouco mais escura.

A boiada já está passando

De acordo com números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pantanal registrou em julho 1.684 pontos de queimadas. O índice é o mais alto desde que o instituto começou a medir o dado – no ano de 1998. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram verificados 494 focos, o aumento dos incêndios foi de 240%.

Dados compilados até meados de agosto já indicam novos recordes trágicos relacionados aos incêndios no território. Desde o início do ano, as queimadas já atingiram pelo menos 17,5 mil quilômetros quadrados do Pantanal, o que representa mais de 10% da área total do bioma, que é de 150 mil km², estendendo-se pela Bolívia e Paraguai.

O número de focos de queimadas registrados pelo INPE no Pantanal durante a 1ª quinzena de agosto superou o total acumulado ao longo do mesmo mês no ano passado; em menos de 30 dias, o número absoluto já apresenta uma alta de 53%, informa o G1.

O fogo consome não apenas a vegetação, mas também reduz a diversidade biológica do bioma, que pode demorar muitas décadas para se recuperar. Carcaças queimadas de cobras, jacaré, lagartos e outros répteis pantaneiros viraram elementos frequentes no cenário de devastação. Tamanduás e capivaras também têm sido vítimas recorrentes do fogo. No Correio Braziliense, especialistas expressaram temor quanto à atual estiagem não ser um evento isolado, mas um indício de um novo padrão climático mais seco, o que dificultaria a recuperação da área queimada.

O Globo apontou o impacto que as queimadas estão causando nas populações ribeirinhas. Ameaçadas pelo fogo e acometidas por problemas de saúde associados à fumaça e ao calor dos incêndios, essas pessoas estão sendo forçadas a abandonar suas casas, em direção a abrigos temporários nas cidades do entorno.

Mas mesmo cidades distantes dos focos de queimada estão sofrendo com seus efeitos. Como mostrou a BBC Brasil, a intensificação dos incêndios no Pantanal tem gerado nuvens densas de fumaça que, com muita frequência nas últimas semanas, encobrem diversas cidades no Centro-Oeste. Aliada ao tempo seco característico do inverno, essa situação facilita a ocorrência de problemas respiratórios – o que, nas circunstâncias pandêmicas atuais, representa um desafio adicional à rede pública de saúde da região.

IBAMA

Segundo informações da revista Época, apenas 55% de recursos do orçamento de combate a queimadas foram executados até o momento pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Em valores, foram usados R$ 9,6 milhões do total de R$ 17,3 milhões disponíveis.

Em 2019, o orçamento para esse programa era quase duas vezes maior: R$ 34,1 milhões.

Como posso ajudar?

Uma petição, aberta há quase um mês na plataforma Change.org, já conta com 690 mil assinaturas. O documento circula na internet colhendo assinaturas com o objetivo de chamar a atenção de autoridades e pressionar ações de combate às queimadas no Pantanal, nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O abaixo-assinado é direcionado ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao secretário de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck, à secretária de Meio Ambiente do Mato Grosso, Mauren Lazzaretti e ao Ministério Público do Mato Grosso do Sul.

Para acessar o abaixo-assinado, clique aqui.

Foto: André Zumak/IHP.

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