O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (18) que a aeronave presidencial teve problemas ao chegar no Mato Grosso, pois a visibilidade “não estava muito boa”. O Pantanal enfrenta uma onda recorde de incêndios, e a fumaça das queimadas já chegou a outras regiões do país.
“Hoje quando o avião foi aterrissar, ele arremeteu. Foi a 2ª vez na minha vida que acontece isso, uma vez foi no Rio de Janeiro, e, obviamente, algo anormal está acontecendo, no caso é que a visibilidade não estava muito boa” disse o Bolsonaro.
Bolsonaro não fez a ligação de que a visibilidade ruim pode ser consequência das queimadas na região do Pantanal e da Amazônia, mas emendou o tema na sequência. “Estamos vendo alguns focos de incêndio acontecendo pelo Brasil. Isso acontece ao longo de anos. E temos sofrido um crítica muito grande. Obviamente, quanto mais nos atacarem mais interessa aos nossos concorrentes, contra aquilo que nós temos de melhor, que é o nosso agronegócio”, afirmou. “Países que nos criticam não têm problema de queimada porque já queimaram tudo que tinham.”
A comitiva presidencial esteve na manhã desta sexta-feira nos municípios de Sinop e Sorriso, ambos no Mato Grosso. Os dois municípios são importantes produtores de soja no país e sofrem com as queimadas tanto na região do Pantanal, no sul do Estado, quanto na região Amazônica, na divisa norte.
Segundo a administradora do aeroporto de Sinop, havia fumaça no momento do pouso, e o piloto não tinha 100% de visibilidade da pista.
A manobra de arremeter ocorre quando o piloto decide subir novamente com o avião quando a aeronave já está em operação de pouso, em direção ao solo.
A aterrissagem da comitiva, que levava ainda os ministros da Defesa, Augusto Heleno, da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, ocorreu normalmente na segunda tentativa.
Recorde de queimadas
O Pantanal passa pelo setembro com mais focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998: foram 5.603 focos de calor detectados em apenas 16 dias, contra 5.498 registrados no mês inteiro de setembro em 2007 – o recorde para o mês até este ano.
Em comparação a 2019, quando setembro teve 2.887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 96%. O número de focos neste mês está 188% acima da média histórica do Inpe para setembro, que é de 1.944 pontos de incêndio.
O fogo já destruiu 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio das onças pintas-pintadas. Com relação à área perdida para os incêndios, o instituto apresenta os dados mensalmente: a última estimativa, contabilizada até 31 de agosto, apontava uma perda de 12% do bioma neste ano – foram 18,6 km².
Em todo o estado do Mato Grosso, em setembro, até essa quinta (17), foram 16.826 focos de incêndio. Na comparação com o mesmo mês, em 2019, o aumento é de 56%. Os registros de fogo neste ano em setembro já somam 16.826.
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