Por Além do Fato
O governado Romeu Zema, em entrevista que concedeu ao jornal Folha de S. Paulo, publicada na edição de hoje (11-11), elogiou o que considera “resultados positivos” do golpe militar de 1964, que implantou uma ditadura militar no Brasil, que durou até março de 1985. O governador, que nasceu exatamente em 1964, não avalia que houve somente um golpe militar naquele ano. Para ele, pode se dizer que houve também uma revolução, que é o discurso dos militares.
“O sr. nasceu em 1964. Ano de golpe ou de revolução?”, perguntou a repórter da Folha. “Depende da interpretação”, respondeu.
“A sua interpretação”, questionou a jornalista. “As duas coisas, no meu entender, aconteceram em 1964. Não concordo com o que foi feito, mas tivermos resultados positivos, inegavelmente, e resultados ruins”, disse Zema.
“Quais os resultados positivos?”, quis saber a repórter. “O regime militar estruturou uma série de instituições que até hoje estão aí funcionando, como o Banco Central. Criou coisas que foram importantes, a Eletrobras. Estruturou uma série de instituições, equipou-as melhor, como o BNDES etc., que foram importantes para aquele milagre econômico do Brasil. Na pauta econômica ele foi bem, na pauta de direitos humanos deixou muito a desejar”.
Pontos negativos
O governador não se estendeu, no conteúdo que foi publicado pela Folha, sobre os aspectos negativos do golpe. O Além do Fato lembra alguns: o Congresso Nacional, que representa o povo, foi dissolvido, as liberdades civis foram suprimidas, censura à imprensa e repressão eram a regra, polícias e exército podiam prender, encarcerar e matar pessoas suspeitas, mais de 20 mil pessoas foram torturadas (segundo levantamento da ONG Human Rights Watch), 434 pessoas morreram ou seguem desaparecidas (dados oificiais), hiperinflação, concentração de renda e aumento da pobreza (consequência do chamado milagre econômico), só para citar alguns.
Foto – Agência Minas