Por G1
O indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, foi a primeira criança a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil. Ele recebeu a dose por volta das 12h desta sexta-feira (14), em um evento simbólico organizado pelo governo de São Paulo para inaugurar a imunização de crianças de 5 a 11 anos.
Nos postos de saúde da capital paulista, porém, a vacina só deve ser aplicada a partir de segunda-feira (17), conforme divulgado pela prefeitura. O mesmo deve ocorrer nas demais cidades do estado. A distribuição das doses recebidas pelo estado deve ter início pelos municípios da Grande São Paulo.
Da etnia Xavante, Davi é morador de Piracicaba, no interior de São Paulo, mas está na capital paulista para realizar um tratamento médico. O governador João Doria (PSDB) acompanhou o ato no Hospital das Clínicas, na Zona Oeste da capital.
O pai do menino Davi, o cacique Xavante Jurandir Seremramiwe, participou da cerimônia de forma virtual.
“Agradeço a compreensão, visibilidade e diálogo com a questão indígena no estado de SP. Que sejam tomadas as vacinas para os guaranis que moram no litoral. Nós temos que tomar a vacina e não esquecer o uso da máscara, o distanciamento. Com certeza a nova geração estará segura quando as aulas voltarem. Elas estarão com saúde e brincando”, disse.
A campanha infantil deve ocorrer de forma escalonada, em ordem decrescente, como foi feito com a população adulta, mas o governo aguarda o recebimento de doses para divulgar um calendário. Veja como vai funcionar a vacinação de crianças.
Nesta primeira fase, a vacinação será apenas para crianças com algum tipo de comorbidade ou deficiência, além de indígenas e quilombolas (veja na tabela abaixo).
Evento simbólico
A imunização simbólica realizada nesta sexta (14) e destinada a um pequeno grupo de crianças repete o modelo da primeira vacinação contra a Covid no país, quando a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, se tornou a primeira pessoa a receber a dose no Brasil.
Além de Davi, outras crianças foram vacinadas no evento inaugural, como Gianlucca Trevellin, de 9 anos, que tem atrofia muscular espinhal do tipo 1, Valentina Moreira, de 6 anos, e Caio Emanuel Oliveira, de 10 anos, que realizaram ou estão na fila por transplante de rim, e Isabela, de 9 anos, que tem fibrose cística.
Graziely de Oliveira, de 8 anos, Leonardo Martinez, de 5 anos, Marcelo Gabriel Moreira, de 10 anos, e Cauê Henrique dos Santos, de 11 anos, que possuem síndrome de Down, também receberam a vacinação durante o evento simbólico. Além de Luiz Felipe Barboza, de 11 anos, que é quilombola.
As vacinas foram aplicadas pela enfermeira Jéssica Pires de Camargo, que também vacinou Mônica Calazans no evento que inaugurou a imunização contra Covid no país.
Vacinação infantil
De acordo com a gestão estadual, a capacidade de vacinação do estado é de 250 mil crianças por dia, podendo este número ser até superior de acordo com a demanda das famílias paulistas.
O pré-cadastro para vacinação desse público foi liberado na quarta (12). Os pais podem acessar o site do governo paulista (www.vacinaja.sp.gov.br) para inserir os dados da criança e agilizar o atendimento nos postos de saúde do estado.
Em dezembro, a gestão estadual divulgou as imagens da carteirinha de vacinação contra Covid-19 que será usada durante a campanha de imunização de crianças de 5 a 11 anos no estado.
Com o topo amarelo e a hashtag #Vacinajá em letras coloridas, a carteirinha é similar à que é usada no estado para a imunização de adultos e adolescentes.
Doria cobra Anvisa
Após a aplicação do imunizante nas crianças, o governador João Doria concedeu entrevista coletiva aos jornalistas.
Ele voltou a cobrar a liberação da vacina CoronaVac para aplicação em crianças por parte da Anvisa. A agência afirma que a licença ainda não foi concedida por falta de informações mais detalhadas sobre o produto, que foram solicitadas ao fabricante.
“Eu espero que na semana que vem possamos ter a deliberação da Anvisa, que possa autorizar a vacinação de crianças nesta mesma faixa etária com a vacina do Butantan, a CoronaVac, porque temos 15 milhões de doses da vacina no Butantan, prontas, disponíveis para iniciar a imunização numa escala muito maior do que o volume que até o presente momento estão previstas”, disse Doria.
Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO