Home Brasil Inspirado por Bolsonaro, presidente do PL pede impugnação da eleição, mas só no segundo turno

Inspirado por Bolsonaro, presidente do PL pede impugnação da eleição, mas só no segundo turno

24 de novembro de 2022, 09h14 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Hoje em Dia/ Blog do Lindenberg

Ao pedir o cancelamento das eleições, sob a inspiração do presidente Jair Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, esqueceu certamente que a eleição ocorreu em dois turnos, o que implicaria na anulação de todo o processo que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa reviravolta que poria em xeque todo o processo eleitoral e praticamente aposentaria as urnas eletrônicas – dado o tamanho do estrago que causaria.

E tudo porque o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, resolveu apresentar um pedido golpista em que pede a invalidação de votos depositados em urnas anteriores a 2020, o que só complicou as coisas, obrigando até mesmo o presidente Bolsonaro a ir ao Palácio do Planalto, depois de 20 dias na moita, depois de receber o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, a quem mal cumprimentou, mas desejou sucesso nessa fase de transição.

Nesse período, bolsonaristas ocuparam rodovias, encheram espaços diante de quartéis – mesmo que essas áreas sejam tidas como “áreas de segurança” e, portanto, sujeitas às regras próprias da região –, mas ainda assim em nenhum momento o presidente desestimulou os atropelos golpistas contra o resultado eleitoral.

Mas voltando a Valdemar Costa Neto, cuja ex-mulher, de Miami, cometeu num destempero contra o ex-marido, classificando-o como traficante de drogas, mas o fato é que o presidente do PL pediu a impugnação de mais de 280 mil equipamentos porque “teriam apresentado problemas crônicos de desconformidade irreparável no seu funcionamento”.

Para Valdemar, Bolsonaro teria sido eleito com 51,05% dos votos válidos contra 48,95% do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Na verdade, ao final, no resultado reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral, Lula teve 50,9% dos votos e Bolsonaro teve 49,1%.

O que Bolsonaro pretende é tumultuar o processo eleitoral adotado aqui e em mais 35 países, o que demonstra que o presidente Lula, se tomar posse e não há razão para que não tome, nem com essa chicana de Valdemar, terá dificuldades para governar, ainda que Bolsonaro não ponha o figurino de líder da direita mais reacionária – aquela que teria saído finalmente do armário.

Na prática, se levada essa impugnação a sério, teria que haver uma nova eleição, com severos prejuízos não só para o partido de Valdemar Costa Neto como para todos os que se elegeram já no primeiro turno, inclusive para o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já que uma suposta impugnação anularia todos os eleitos no primeiro ou no segundo turnos.

É de lembrar que Valdemar pede a inversão do processo eleitoral só no segundo turno, o que levou o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, a exigir, em 24 horas, que o partido entrehue o relatório incluindo os dois turnos, sob pena de revogação da inicial, o que de fato o PL pretende. Ora, o que Bolsonaro quer é melar a eleição, ganhar no tapetão, como fazem alguns times de futebol, até porque Valdemar não apresenta nenhuma prova do que fala.

A ação apresentada pelo PL é baseada em relatório do Instituto Voto Legal, mas curiosamente Valdemar Costa Neto pede a impugnação apenas dos votos do segundo turno, o que ensejou a réplica do presidente do TSE. Essa invertida do presidente do TSE deixa o PL em circunstâncias ruins porque, entre outras coisas, o partido de Valdemar elegeu a maior bancada do Congresso, que agora corre o risco de perder os mandatos.

PS: para melhor recuperação da garganta, operada no final de semana, Lula deverá permanecer mais uma semana em casa. E não custa lembrar o que disse ontem o general Santos Cruz sobre o sumiço de Bolsonaro – aliás, até hoje não se sabe quem vai colocar a faixa presidencial em Lula, o vencedor das eleições – “é uma posição covarde, pois que é obrigação do presidente derrotado se manifestar civilizadamente após as eleições e promover a paz social”.

Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário