Por DCM
A Polícia Federal (PF) está avançando na investigação sobre a participação de agentes das forças especiais do Exército, conhecidos como “Kids Pretos”, nos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. As autoridades encontraram evidências de que esse grupo tem ligações com pelo menos dois atos golpistas anteriores aos eventos de 8 de janeiro e um terceiro realizado dias depois.
As Forças Especiais do Exército são uma unidade de elite especializada em missões confidenciais de alto risco e em operações de guerra irregular, que incluem guerrilha urbana, insurgência e movimentos de resistência. O apelido “kid preto” está relacionado à cor do gorro usado por esses militares durante suas operações.
O primeiro incidente ocorreu em 12 de dezembro, durante a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesse dia, ônibus e carros foram incendiados no centro de Brasília, uma delegacia foi depredada, e houve uma tentativa de invasão à sede da PF. A investigação identificou três envolvidos nesse ataque, que apresentavam características de treinamento dos “Kids Pretos”.
O segundo registro ocorreu na véspera de Natal, em 24 de dezembro, quando um caminhão-tanque com uma bomba foi encontrado nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília. O atentado terrorista só não foi bem-sucedido devido a uma falha no artefato explosivo. Três pessoas foram presas e condenadas, mas a Polícia Civil suspeita que outras sete pessoas tenham participado do planejamento, possivelmente com apoio de membros do grupo especial do Exército.
As principais fontes de informações da PF são as câmeras de segurança dos prédios atacados. Os suspeitos, que agiram com treinamento, usavam gorros pretos e luvas de couro, um método também empregado pelos “Kids Pretos” em guerrilhas para evitar contato com explosivos.
Vídeos registraram o uso de gradis como escadas para invadir o Senado e o uso de água para minimizar os efeitos do gás lacrimogêneo, indicando uma possível conexão com integrantes do grupo especial do Exército.
Outro elemento em análise é uma série de ataques a torres de energia ocorridos entre 8 e 31 de janeiro, nos estados do Paraná, Rondônia, São Paulo e Mato Grosso. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) registrou quatro torres derrubadas e 16 danificadas durante esse período.
O general Ridauto Fernandes, que foi alvo de buscas pela PF na operação Lesa Pátria, sugeriu anteriormente em entrevista que civis poderiam ser treinados como força de combate. Ele enfatizou a importância de instruí-los para atuar atrás das linhas inimigas, causando danos ao inimigo, destruindo infraestrutura e agindo na linha de frente.
Fernandes teve armas e seu celular apreendidos pela PF. O celular será analisado para verificar se houve repasse de treinamento militar para civis já identificados e acusados pelos ataques. Alguns réus já afirmaram durante o processo que receberam orientações sobre como agir nos atos, incluindo o uso de luvas, gorros pretos e posicionamento estratégico.
Tanto Ridauto quanto o Exército não quiseram fazer comentários sobre o assunto, já que as investigações estão em curso. O Exército afirmou que prestará esclarecimentos exclusivamente aos órgãos competentes encarregados das apurações.
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