Por Associated Press
O Irã reconheceu neste sábado (11) horário local, que suas forças armadas “involuntariamente” derrubaram o avião ucraniano que caiu no início desta semana, matando todos os 176 a bordo, depois do governo do país ter negado repetidamente as acusações de que era responsável pela tragédia.
O avião foi abatido na última quarta-feira (08), horas após o Irã lançar um ataque contra duas bases militares que abrigavam tropas dos EUA no Iraque, em retaliação pelo assassinato do general Qassem Soleimani em um ataque aéreo americano em Bagdá. Ninguém foi ferido no ataque às bases.
O voo da Ukraine International Airlines de Teerã para Kiev caiu no início da , quando o Irã estava em alerta em função de uma possível resposta militar dos EUA, horas depois de disparar contra alvos norte-americanos no Iraque. A maioria das vítimas da queda do avião era iraniana ou iraniana-canadense.
O reconhecimento de que o avião ucraniano foi derrubado “involuntariamente” no início desta semana, matando todos os que estavam a bordo, veio depois do governo do país ter negado repetidamente as acusações de que era responsável pela tragédia.
A declaração militar foi realizada por meio da mídia estatal disse que o avião foi confundido com um “alvo hostil” depois que tomou a direção de um “centro militar sensível” da Guarda Revolucionária. Os militares estavam em seu “nível mais alto de prontidão”, segundo o comunicado.
“Em tal condição, por causa de um erro humano e de maneira não intencional, o voo foi atingido”, disseram os militares. O governo se desculpou e prometeu atualizar seus sistemas para evitar futuras tragédias. Os responsáveis pelo ataque ao avião serão processados, acrescentou o comunicado.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, expressou suas “profundas condolências” pelas famílias das vítimas e instou as forças armadas a “apurar prováveis deficiências e culpados no doloroso incidente”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, emitiu um comunicado dizendo que a investigação do acidente deve continuar e que os “autores” devem ser levados à justiça. Ele disse que o Irã deveria compensar as famílias das vítimas e requisitou ao país asiático “desculpas oficiais pelos canais diplomáticos”. Na manhã deste sábado Zelensky afirmou que aguarda a “admissão total de culpa” do Irã após o páis árabe admitir que derrubou por engano o avião ucraniano;
Não está claro se o avião foi abatido pelas forças convencionais do Irã ou pela poderosa Guarda Revolucionária, que responde diretamente a Khamenei.
EUA
As forças armadas dos Estados Unidos tentaram matar um outro comandante iraniano no mesmo dia em que o general Qassam Soleimani foi morto, mas não foram bem sucedidas, revelaram autoridades americanas na sexta-feira (10).
Um ataque aéreo feito por uma força de operações especiais teve como alvo Abdul Reza Shahlai, um alto comandante da Guarda Revolucionária do Irã. Os militares só descreveram a missão fracassada com a condição de que seus nomes não fossem revelados.
Justificativa
Um ataque por drone no dia 3 de janeiro matou Soleimani pouco depois de ele desembarcar no aeroporto internacional de Bagdá. Autoridades da gestão de Donald Trump justificaram a morte como um ato de autodefesa, dizendo que ele planejava atos militares que ameaçavam um grande número de americanos no Oriente Médio.
O Irã, no entanto, classificou o ataque como um ato de terrorismo, e no dia 8 de janeiro disparou cerca de 20 mísseis contra duas bases no Iraque que abrigam forças americanas e da coalizão. Ninguém morreu em decorrência dessa ação.
O Departamento de Estado ofereceu uma recompense de US$ 15 milhões no mês passado por informações que levassem a problemas de financiamento da Guarda Revolucionária, incluindo dados sobre Shahlai, uma figura importante para a economia da organização.
Ele tem uma “longa história de ataques a americanos e aliados pelo mundo” e planejava assassinatos múltiplos das forças de coalizão no Iraque, de acordo com o Departamento de Estado.
As atividades dele incluíam fornecer armas e explosivos a milícias xiitas que pretendiam assassinar o embaixador da Arábia Saudita em Washington DC em 2011. O Pentágono não comentou.
“Nós vimos um relatório de um ataque aéreo no Iêmen no dia 2 de janeiro. O Departamento de Defesa não discute supostas operações na região”, disse uma porta-voz do Pentágono.
A história foi revelada pelo jornal “The Washington Post”.
Fonte: Associated Press
Foto: AFP