Por O Tempo
Um pedido de cassação do mandato de Gleidson Azevedo (Novo), prefeito de Divinópolis e irmão do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), cidade no Centro-Oeste de Minas Gerais, foi protocolado na Câmara Municipal na tarde desta segunda-feira (29). O texto acusa o gestor de ter cometido infrações político-administrativa por contratação temporária de agentes comunitários de saúde em 2021, sem que tenha havido concurso público. A O TEMPO, Azevedo afirmou que o processo é “extremamente político” e é uma resposta à denúncia feita por ele que afastou dois vereadores suspeitos de corrupção.
De acordo com o texto protocolado contra o prefeito, houve 165 contratações por processo seletivo simplificado em 2021 e, em janeiro deste ano, os contratos foram renovados. A denúncia alega que, na sexta-feira (26), a prefeitura de Divinópolis cancelou um processo seletivo que visava contratação de novos agentes, com argumento de que precisaria “reavaliar o formato de contratação dos agentes comunitários de saúde à luz dos entendimentos do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE)”.
O denunciante, Adilio de Castro, estudante de enfermagem e representante do Conselho Municipal de Saúde da cidade, nega que haja motivação política no pedido de cassação e reforça que o texto apresentado é embasado no que o prefeito “tem burlado”, que seria a realização de concursos públicos. “Não tenho nenhum cunho político, não sou ligado a nenhum partido. É uma denúncia embasada em documentos”, pontua.
Leia o documento na íntegra
Denúncias e tensão antiga
Na semana passada, dois vereadores de Divinópolis foram afastados a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) devido a uma denúncia de corrupção. Os parlamentares teriam recebido R$ 20 mil para mudar o zoneamento urbano de uma rua e permitir a instalação de uma empresa no espaço, amparados por projetos de lei movimentados na Câmara Municipal. O prefeito foi uma das pessoas que denunciou os vereadores, que o acusaram de perseguição por terem aberto Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar sua gestão.
O presidente da Câmara de Divinópolis, Eduardo Print, nega irregularidades por parte de vereadores e ressalta “o processo de mudança de zoneamento foi normal, passou pelas comissões da casa e foi aprovado em plenário”. “O prefeito, Gleidson Azevedo, poderia ter vetado, mas não vetou”, disse, em entrevista recente a O TEMPO. O parlamentar questiona inclusive o fato do Ministério Público ter dado início à uma investigação com base em uma denúncia-crime aberta com gravações irregulares. Na decisão judicial consta uma gravação escondida feita pelo próprio prefeito de Divinópolis durante diálogo com o vereador.
Questionado sobre as razões pelas quais ele não vetou o projeto antes, Azevedo disse, também em conversa com O TEMPO na semana passada, que tem sido prática na Câmara “derrubar os vetos relacionados ao uso de ocupação do solo na cidade e por isso ele tem deixado a questão por conta dos vereadores”.
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