Por G1
“A situação na grande BH e no estado é de grande gravidade”, disse o prefeito Alexandre Kalil (PSD) durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (29), para justificar que não vai ampliar a flexibilização do isolamento social em Belo Horizonte. “Nós temos notícias assustadoras do interior, que não tem culpado, que é o sistema estadual sucateado há anos”, disse para justificar a não ampliação da reabertura do comércio na cidade.
Em nota enviada às 17h, o governo de Minas disse que reforçou que gastou mais de R$ 304 milhões no combate à pandemia conseguiu ampliar em 30% a capacidade de atendimento intensivo no estado, totalizando 2.885 leitos de UTI na rede SUS. A maior parte dos 872 leitos de UTI criados foi destinada ao interior do Estado.
A flexibilização, que começou na segunda-feira (25), aconteceria em quatro etapas. A primeira delas, permitiu a reabertura de lojas de brinquedos, salões de beleza, comércio varejista de cama mesa e banho, shoppings populares. Cerca de 10 mil empresas foram abertas e 32 mil trabalhadores voltaram às ruas.
A segunda etapa estava prevista para a próxima segunda-feira (1), mas a possibilidade acabou sendo vetada, segundo a prefeitura, por causa da situação da pandemia no estado. Alexandre Kalil disse que, “apesar de a cidade estar com 76% da vida normal em andamento, nós estamos muito assutados”. Ele não descartou a possibilidade de lockdown, caso a situação se agrave, e voltou a falar que as medidas serão tomadas com base em estudos feitos pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19.
“A boa notícia é que o bom senso junto com a ciência nós vamos dar mais uma semana para os acontecimentos da cidade”, falou. “Deus queira que na semana que vem eu não tenha que anunciar o lockdown”, completou.
O infectologista que faz parte do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte, Carlos Starling, enfatizou que cidades como Ribeirão das Neves, Contagem, Nova Lima, Divinópolis, Mariana e Itabira, estão com “epidemia em franca ascensão”.
“Não chegamos no pico e muito provavelmente, não estamos nem próximo. A situação ainda deve piorar nas próximas semanas”, enfatizou o médico, ao mencionar a situação no Brasil e em Minas.
Ele disse que será necessário “pisar no freio” para analisar, a partir da próxima semana, os impactos na capital e decidir, ou não, pela retomada do processo de reabertura do comércio na capital. E enfatizou que a reabertura na segunda-feira (25) ainda não gerou impactos mensuráveis na transmissão do vírus.
“Nós ainda estamos em situação estável, mas em alerta, o que impede de prosseguir com processo de flexibilização”, afirmou.
Para flexibilizar, segundo o secretário de Saúde Jackson Machado, são levadas em consideração todas as atividades e setores, número de pessoas empregadas, de pessoas que iriam para rua, associada ao risco sanitário que cada atividade.
Machado enfatizou a importância de se manter as medidas de higiene e de isolamento social. “Nós vamos ter que adquirir novos hábitos de vida pelos próximos dois anos, no nosso convívio social, de usar máscara e distanciamento social. Nos próximos dois anos, teremos que continuar com as medidas de prevenção. Nossa vida não será jamais como antes da pandemia”, falou.
Alerta vermelho
Jackson Machado explicou que o índice de contágio, o chamado R0, estava em 1,1 em Belo Horizonte quando se decidiu pela reabertura, na semana passada. Mas agora já está em 1,2, o que indica um pequeno aumento no contágio na capital mineira e coloca a cidade em alerta vermelho. Já a ocupação de leitos de UTI, que está em 52%, e de enfermaria, que está em 43%, deixa a cidade numa situação mais confortável, em amarelo. No entanto, se houver dois indicadores no vermelho, será feito pelo lockdown da cidade.
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