Home Eleições Levantamento aponta aumento de 150% no número de militares candidatos a prefeito

Levantamento aponta aumento de 150% no número de militares candidatos a prefeito O recorde em Minas Gerais é alavancado por reformados e PMs. Candidaturas do setor aumentaram 16,4% no Estado, acima da média nacional

5 de outubro de 2020, 17h50 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

De acordo com o levantamento realizado pelo Jornal O TEMPO apontou que o número de candidatos ligados à segurança pública aumentou 16,4% em Minas Gerais nas eleições deste ano, em comparação com o pleito de 2016. O jornal está considerando os postulantes aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador registrados na Justiça Eleitoral como policiais militares ou civis, bombeiros militares, membros das Forças Armadas ou militares reformados.

A análise dos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que 711 representantes do setor concorrerão a uma função eletiva neste ano em Minas, ou cem candidatos a mais em relação às eleições passadas. O principal destaque é o salto de 150% nas disputas para prefeito, de 20 para 50. Um novo recorde, com sobras.

“É claro que a eleição do presidente Jair Bolsonaro se refletiu nesse aumento”, avalia o subtenente Heder Martins, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG).

Candidatos militares e da Polícia Civil para a Prefeitura de BH são 50 neste ano, e para vice 37. Já para vereadores somam 624.

O crescimento geral no Estado supera a média brasileira no período (12,5%), sendo que as Eleições 2020 estabelecem o maior patamar já alcançado na história do país neste quesito, com 6,7 mil postulantes. Ao contrário do cenário nacional, porém, as cifras mineiras não chegam a se equiparar aos níveis locais registrados antes de 2016. Mesmo com o aumento, o número deste ano ainda é 11% inferior às 800 candidaturas apresentadas em 2012.

Ainda assim, chama atenção que o crescimento do interesse entre os policiais e militares mineiros tenha sido tão superior ao aumento geral das candidaturas apresentadas no Estado (1,2%). Na média nacional, essa diferença é consideravelmente menor, pois o TSE contabilizou ao todo 10% a mais de registros que em 2016.

Segundo a análise de O TEMPO, a maioria dos candidatos tentará usar as patentes para ganhar votos. Ao menos 68% dos nomes de urna trazem alguma referência às corporações, com destaque para as palavras “sargento” (221) e “cabo” (76). Alguns termos podem até gerar impugnação, como “da PM” ou “da Civil”, pois a Justiça Eleitoral proíbe menções diretas a órgãos públicos.

O partido com mais candidatos do setor é o PSL (79), pelo qual o ex-capitão Bolsonaro se elegeu presidente da República em 2018. Na sequência, aparecem Patriota e PSD (43), Avante e MDB (42). Em relação aos cargos disputados, a enorme maioria dos concorrentes (624) tentará uma cadeira nas Câmaras Municipais e o restante (37) compõe as chapas como vice.

Entidades incentivam participação

Para o subtenente Martins, o aumento da participação na vida pública é resultado do incentivo das entidades representantes da categoria.

“A pauta da segurança pública ficou por muitos anos delegada a terceiros, muitas vezes sem nenhuma experiência com o assunto. Nós da categoria vimos a necessidade de assumir a vida política e, dessa forma, representar tanto a nossa categoria como também essa pauta que é expertise nossa e crucial para a sociedade”, justifica.

Ele ressalta, porém, que a eleição de Bolsonaro impulsionou os números. “Vários candidatos militares e ligados à segurança pública foram e continuam indo na esteira do bolsonarismo”, admite o dirigente. “O que chama bastante atenção é o aumento entre os oficiais. Nós, praças, sempre tivemos nossos representantes, talvez por sermos ligados às reivindicações. A partir de 2018, começamos a ver um número grande de coronéis reformados se lançando”, complementa.

A respeito da forte queda do número de candidatos militares observada em 2016, o subtenente não soube precisar o real motivo da oscilação.

“Não dá para eu dizer com exatidão o que pode ter acontecido. Talvez na época tenha havido uma desmobilização ou descredibilização da política por parte da categoria, ou talvez não tenha havido os incentivos necessários. O que posso dizer é que as entidades incentivam seus associados a participarem da vida política, pois enxergamos uma forma de sermos representados”, conclui Martins.

Eleitos também em curva crescente

Após queda entre 2004 e 2008, a quantidade de policiais e militares eleitos em Minas vem aumentando. O recorde foi registrado no último pleito, com três prefeitos, cinco vices e 61 vereadores vitoriosos no Estado.

Servidor é ocupação mais frequente entre candidatos

As ocupações mais comuns entre os candidatos deste ano em Minas são servidor público municipal (5.411), comerciante (4.789), dona de casa (4.336), empresário (4.098) e aposentado (3.932).

É interessante observar, no entanto, as diferenças em relação aos cargos disputados. Entre os postulantes às Prefeituras, as profissões mais relatadas são empresário (377), prefeito (313), advogado (213), comerciante (147) e produtor agropecuário (144). Já os concorrentes às Câmaras trabalham em sua maioria como servidor municipal (5.190), comerciante (4.464), dona de casa (4.297), aposentado (3.639) e empresário (3.381)

Na comparação com 2016, os maiores aumentos no número de interessados em um cargo público foram observados entre os empresários (+834), advogados (+337), aposentados (+321), cabeleireiros e barbeiros (+145) e técnicos de enfermagem (+140).

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

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