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Lira aposenta Bolsonaro com três salários e o PL de Valdemar ainda lhe paga casa e escritório

3 de dezembro de 2022, 09h44 | Por Redação - Blog do Lindenberg

by Redação - Blog do Lindenberg

Por Hoje em Dia / Blog do Lindenberg

Há quem se espante com o decreto assinado ontem pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que concede uma aposentadoria de R$ 30 mil ao presidente Jair Bolsonaro. Na verdade, é legal, desde que, como se sabe, Bolsonaro foi deputado por 28 anos até 2018 e teria direito ainda à aposentadoria como presidente da República, o que lhe daria mais R$ 30 mil. A favor de Bolsonaro é bom que se diga que ele teria direito a essa aposentadoria desde 2019, mas não fez uso dela enquanto esteve na Presidência da República.

Esse valor é composto com um terço do salário atual de um parlamentar – R$ 33.763,00 – além de uma fração de cálculo da Casa que somaria, sozinha, cerca de R$ 19 mil. O presidente da Câmara argumenta que sua decisão está baseada no cumprimento dos requisitos do antigo Instituto de Previdência da Câmara, tendo o presidente cumprido o período de carência e tempo de contribuição mínimo.

A relação entre Arthur Lira e o presidente Bolsonaro não esteve boa essa semana passada. Foi só o PT apoiar a candidatura de Arthur Lira à presidência da Câmara para que a maldição de Bolsonaro desabasse sobre a cabeça de Lira, com o presidente da República ameaçando o presidente da Câmara com retaliações próprias de uma criança birrenta, chegando a ameaçar cortar os repasses do orçamento secreto que beneficiariam o alagoano e seus aliados. Bolsonaro não ficou só nisso. Cortou verbas destinadas às universidades federais, cortou verbas do SUS, entre as quais as farmácias populares, de forma a raspar o fundo do tacho.

Agora, esses quase R$ 30 mil devem se somar aos vencimentos que Bolsonaro tem direito como capitão do Exército no valor de R$ 11.945,00 – aliás, uma quadra que não deixa bem o antigo aluno da Amam, acusado, sem provas conclusivas, de ameaçar explodir alguns dutos de petróleo no Rio de Janeiro – e ao salário que o PL prometeu pagar a ele, próximo de R$ 39.200,00, e salário que fará jus como ex-presidente da República, além de Valdemar Costa Neto, o chefe do PL, prometer pagar uma residência para o ex-capitão, além de um escritório que poderá ser compartilhado com sua mulher Michele. Ou seja, é uma baba de dinheiro.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, resiste a nomear ministros com os quais deve governar a partir de 1º de janeiro, mesmo sendo pressionado pelo mercado financeiro e até por alguma discordância interna. Lula resiste por uma razão: ele prefere primeiro ser diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o que deverá acontecer no dia 12 dezembro. Lula sabe que Fernando Haddad, por exemplo, irá para o Ministério da Fazenda e que José Múcio Monteiro vai ocupar o Ministério da Defesa. Mas ainda assim Lula acha que se anunciar algum nome ele poderá estar cedendo a pressões, além do mais, o presidente eleito quer também na mesma ocasião anunciar os três comandantes das Forças Armadas.

Aliás, o que tem de nome para ser anunciado não está no gibi, o que faz lembrar uma passagem em Minas em que Tancredo Neves foi eleito governador do Estado. Certa vez, Tancredo teria encontrado com Nelson Thibau, uma figura querida por ele, mas folclórico na política mineira, e foi questionado pelo eterno candidato à Prefeitura de Belo Horizonte: “Tancredo, por que você não anuncia meu nome se todo mundo está dizendo que vou ser secretário?”. Respondeu Tancredo: “Deixe que falem Thibau, assim sua cotação cresce”. E Nelson Thibau jamais foi nomeado secretário pelo sagaz Tancredo Neves.

Foto: reprodução

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