Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg
Nem bem desembarcou em Brasília na noite de terça-feira e já na manhã de ontem o ex-presidente Lula começou a trabalhar, reunindo-se com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, na busca de uma solução para compromissos de campanha feitos pelo petista, dentre eles a manutenção do Auxílio Brasil, que retomará o nome de Programa Bolsa Família, e o aumento real do salário mínimo.
A possibilidade examinada ontem no encontro com Lira é que o novo governo edite uma PEC, ao passo que na conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, achava melhor a adoção da Medida Provisória. Mas tanto Lira como Pacheco aguardavam até a noite de ontem uma melhor orientação das duas casas do Congresso.
De qualquer maneira, com PEC ou Medida Provisória, a expectativa é a de que uma decisão sairá para que Lula possa cumprir os compromissos de campanha que, aliás, também foram assumidos pelo candidato derrotado, Jair Bolsonaro. Com o agravante de que o presidente não fez constar na LDO, já enviada ao Congresso, a extensão do pagamento do benefício de R$ 600, que terminaria em 31 de dezembro deste ano.
Além dessa conversa com Arthur Lira, outros assuntos entraram na prosa, como um possível apoio de Lula à reeleição de Arthur Lira para um novo mandato como presidente da Câmara. Aliás, esse tem sido o tom predominante em Brasília nesses dias em que Lula permanecerá no Distrito Federal.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, quer dois ministérios para apoiar Lula no futuro governo. Os nomes ainda não foram acertados, mas é possível que o senador Alexandre Silveira (PSD/MG), que não se reelegeu, seja cotado para uma das vagas pedidas por Kassab. Mas pode sobrar também para o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que deu um palanque para Lula em Minas Gerais, mas também não se elegeu.
Porém, não está fora do baralho, sobretudo agora, quando em Brasília só se fala na composição do futuro governo, na possibilidade de Arthur Lira receber o apoio da oposição para se reeleger – o que não seria nada difícil – ou até mesmo na resiliência dos grupos fascistas que continuam a se manifestar nas portas dos quartéis, como se fossem as lavandeiras dos idos de 1964.
O presidente eleito vai aproveitar sua primeira ida a Brasília, desde a vitória, para fazer périplo pela cidade, indo também ao Supremo Tribunal Federal para um encontro com a presidente do STF, Rosa Weber, onde, aliás, foi recebido por dez ministros, à exceção de Roberto Barroso, que está no Egito participando da COP27.
Essa, aliás, é uma outra preocupação de Lula. Como os bolsonaristas insistem em ocupar algumas rodovias e até algumas praças onde se localizam quartéis, Lula quer se precaver contra a possibilidade de algum golpe – dois dos filhos de Bolsonaro, por exemplo, já pediram a cidadania italiana –, de forma que, a despeito de meio-mundo já tê-lo cumprimentado, não será difícil que outro meio-mundo venha para a posse do presidente eleito, dentre eles Joe Biden, Macron e demais representantes da União Europeia.
Gal Costa
Peço um parêntese aos leitores dessa coluna para um pranto de saudade à cantora Gal Costa. E a um outro – “mais do que um ator, que canta, compõe e escreve” – Rolando Boldrin, importante divulgador do cancioneiro regional brasileiro. Aos dois e a cada um o sentimento de tantos que os reverenciaram em vida, incluindo o autor dessas mal traçadas linhas.
Foto: Reprodução/CNN Brasil