Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
É fora de dúvida que o ex-presidente Lula esteve bem durante a entrevista que deu ao Jornal Nacional ao ser sabatinado pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos.
Segundo a Folha de São Paulo, há dúvidas, no entanto, sobre a audiência da Globo no dia da entrevista. A Globo diz, segundo a Folha, que a audiência quando começou a entrevista era de 27 pontos, o que não é pouco para uma audiência nacional, embora a Globo só tenha feito a afirmação levando em conta a audiência na Grande São Paulo. Às 20h40, o saldo da mediação minuto a minuto estava em 31,5 pontos, um crescimento de 4,5 pontos em 14 minutos. Às 21h10, quando a entrevista acabou, a Globo tinha na Grande São Paulo 33,8 pontos, de forma que a média da sabatina, sempre na Grande São Paulo, era de 31,4 pontos, acima do que conseguiu Ciro Gomes, mas abaixo da audiência de Bolsonaro – 33 pontos.
O Instituto Quaest, no entanto, revelou na noite da entrevista de Lula ao Jornal Nacional que, em média, 15 milhões de pessoas foram impactadas com postagens sobre a entrevista durante a exibição. O Quaest, por sinal, está medindo o alcance, ou impactação, das entrevistas de todos os candidatos, desde Bolsonaro, passando por Ciro Gomes, Lula e Simone Tebet, nesta sexta-feira.
Para o cientista político Felipe Nunes, dono do Quaest, a entrevista com Lula obteve a melhor média de alcance de postagens ao atingir 15 milhões enquanto Bolsonaro alcançou 9 milhões e Ciro, 2 milhões.
Ainda segundo Felipe Nunes, os três momentos em que Lula foi melhor foram: (1) quando defendeu as medidas anticorrupção no seu governo e a apuração dos erros de qualquer um, (2) quando defendeu a aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e (3) quando Lula defendeu que política não é lugar de ódio.
E os três momentos em que Lula teria saído pior foi quando (1) não respondeu sobre a lista tríplice (do procurador-geral – Lula fez blague ao dizer que “é para deixar uma pulga atrás da orelha do novo procurador, se ele for eleito”), (2) quando atacou Bolsonaro chamando o presidente de Bobo da Corte e (3) quando disse que a solução para o orçamento secreto é conversar com os deputados. Ainda segundo Felipe Nunes, na média Lula obteve 48% de menções positivas contra 52% de menções negativas, considerando todo o período da entrevista. Foi pior do que Ciro (54%) e melhor do que Bolsonaro (35%).
A dúvida agora é se o presidente Bolsonaro irá ao debate da Band no dia 28, domingo. O presidente tinha decidido não comparecer ao debate, julgando que seria massacrado pelos outros concorrentes ao mesmo cargo – seria, digamos, o alvo preferencial. Contudo, Bolsonaro está reavaliando sua posição.
O risco, segundo o seu comitê de campanha, é que ele poderia perder a cabeça ao ser provocado pelos adversários, sobretudo depois do desempenho de Lula na entrevista ao Jornal Nacional. De forma que fica essa dúvida: se Bolsonaro vai ou não ao debate da Band. Avaliando perdas e ganhos, no entanto, pode-se arriscar a dizer que ele irá. Ainda que o horário da Band seja bem mais tarde, mas tem também regras mais rígidas, ainda que em algum momento os candidatos podem se enfrentar diretamente, com uns fazendo perguntas aos outros.
O fato é que Lula, ainda que cometendo alguns enganos, foi bem na entrevista ao Jornal Nacional. E esteve acima dos até aqui entrevistados pela Globo. Foi claro, falou em tom meio discursivo, mas de forma compreensível, e não deixou de falar naquilo que o povão gosta: na cervejinha e na picanha do churrasco de fim de semana. Mesmo quando tocou no assunto da lista tríplice, aquela em que se escolhe o procurador-geral da República, Lula não deixou de dizer um chiste ao comentar que vai deixar passar as eleições para “colocar uma pulga atrás da orelha” de quem ele poderia escolher, se vencer as eleições. Sobre isso, ao que se supõe, Lula precisaria de uns sete milhões e meio de votos para ganhar a eleição no primeiro turno.
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