Por Metrópoles
Vilões da inflação em 2021, os preços dos combustíveis devem trazer alívio no primeiro trimestre deste ano. De acordo com levantamento feito pela ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas, haverá uma queda acumulada de 5,94% no período. E a gasolina chegará a ser vendida a R$ 6,18 em março – o menor índice previsto para 2022.
Essa redução será puxada por uma eventual estabilidade do dólar, segundo a pesquisa. No entanto, com o temor do mercado pelo avanço da variante da Covid-19, Ômicron, a moeda americana fechou os primeiros pregões do ano em alta.
Caso o quadro desta primeira semana do ano sofra alterações e a previsão de estabilidade se confirme nos próximos dias, a pressão em cima da gasolina deve voltar somente em abril. Em setembro, atingirá o seu ápice, chegando a R$ 6,55 – valor semelhante ao que os brasileiros pagam atualmente nos postos.
No último trimestre, a previsão é que haja uma leve queda no custo do combustível. O produto, nesse contexto, será comercializado por preço superior a R$ 6,30.
Inflação
Diante de ameaças de paralisações de caminhoneiros, o diesel foi o combustível cujo valor apresentou maior acréscimo no ano passado. Na comparação com 2020, houve aumento de 46,8%, segundo o Levantamento de Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP).
Em segundo lugar, aparece a gasolina (46,5%), seguida do Gás Natural Veicular (40,1%) e gás de cozinha (35,8%).
A alta derivou dos preços elevados do petróleo no mercado internacional, que chegou a subir cerca de 40% durante a pandemia da Covid-19.
Entenda como é calculado o preço da gasolina
Há quatro tributos que incidem sobre os combustíveis vendidos nos postos: três federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins) e um estadual (ICMS). No caso da gasolina comercializada nos postos, de acordo com dados ANP, a composição do preço ocorre da seguinte forma:
27,9% – tributo estadual (ICMS)
11,6% – impostos federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins)
32,9% – lucro da Petrobras (indiretamente, do governo federal, além dos acionistas)
15,9% – custo do etanol presente na mistura
11,7% – distribuição e revenda do combustível
Para o diesel, a segmentação é realizada de maneira diferenciada, com uma fatia significativamente maior destinada para o lucro da Petrobras.
15,9% – tributo estadual (ICMS)
7% – impostos federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins)
52,6% – lucro da Petrobras
11,3% – presença de biodiesel na mistura
13,2% – distribuição e revenda
O valor final também depende das movimentações internacionais em relação ao custo do petróleo, e acaba sendo influenciado diretamente pela situação do real – se mais valorizado ou desvalorizado. A inflação, por sua vez, recebe o impacto ocasionado pela alta do dólar.
A meta do Banco Central (BC) para a inflação em 2021 é 3,75%, mas, pela regra vigente, a taxa será considerada cumprida se o indicador alcançar de 2,25% a 5,25%. De acordo com analistas do mercado financeiro, entretanto, o IPCA deve passar de 10%.
Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles