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Milton Ribeiro tentou enviar propina escondida em pneu, diz jornal Empresário da construção civil deu detalhes do esquema de corrupção no MEC que envolve pastores

23 de setembro de 2022, 10h43 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Metrópoles

O então ministro da Educação Milton Ribeiro teria dado aval para a distribuição de propina para os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura por meio de contratos de obras federais em escolas. Em um acordo, negociado em R$ 5 milhões dinheiro vivo, o montante seria levado escondido em uma roda de caminhonete de Belém para Goiânia, onde fica a igreja dos pastores.

O caso foi revelado pelo jornal Estadão nesta quinta-feira (22/9). O empresário da construção civil e candidato a deputado estadual pelo Pará Ailson Souto da Trindade (PP) revelou o esquema em entrevista à reportagem.

Segundo o depoimento, Trindade teria recebido a garantia do então ministro de que as obras seriam entregues a ele, em troca de “ajuda” à igreja dos pastores. O empresário disse ainda que proposta foi firmada em uma reunião com prefeitos no Ministério da Educação.

“Eu não sabia nem quem era o ministro. Ele se apresentou: ‘Eu sou Milton, o ministro da Educação, e o Gilmar já me passou o que ele propôs para você e eu preciso colocar a tua empresa para ganhar licitações, para facilitar as licitações. Em troca você ajuda a igreja. O pastor Gilmar vai conversar com você em relação a tudo isso”, contou.

O empresário também detalhou como funcionaria o repasse: “Eles falaram: ‘existe uma proposta para tu fazer isso (as obras)’. Aí eu disse: ‘que proposta?’. ‘Bom, a gente está precisando reformar umas igrejas e estamos precisando também construir alguns templos, no Maranhão, no Pará, e também outros lugares. Então estamos precisando de R$ 100 milhões para fazer isso’”, disse.

“Aí eu falei: ‘mas o que que eu vou ganhar em troca? Como é que vai acontecer? A igreja vai contratar minha empresa?’ ‘Não, a gente faz um contrato, entendeu? Faz o contrato com a empresa, a igreja contrata a tua empresa e eu consigo articular para tua empresa fazer as obras do governo federal.’”

Estelionato

Trindade responde por estelionato diante da acusação de aplicar golpes com a promessa da liberação de empréstimos para beneficiários do Bolsa Família. Ele afirma que não foi intimado judicialmente no caso.

Segundo a reportagem, os encontros descritos pelo empresário batem com os registros de entrada na sede da pasta, com fotos nas redes sociais e com a agenda do ex-ministro.

“Eles queriam R$ 5 milhões em dois dias. Eu falei: ‘mas eu não posso fazer esse tipo de negócio, eu sou empresário, eu não vou fazer uma coisa assim sem nenhum contrato’. E eles queriam que eu colocasse no pneu de uma caminhonete e mandasse para lá. Eu disse: ‘não, gente, vamos fazer em conta porque como é que eu vou saber… se não der certo, como vou provar que eu paguei?’ Aí eu fiquei com medo desse tipo de negociata. Daí queriam 5 milhões logo e depois de 15 dias queriam mais R$ 50 milhões”, relatou o empresário.

Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

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