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Mineração clandestina: moradores relatam rotina de ameaças e agressões em Minas Reportagem da Itatiaia ouviu relatos de moradores que são agredidos e ameaçados; denúncia levou à operação da PM e da PF contra ação ilegal em Barão de Cocais

2 de junho de 2023, 09h45 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Itatiaia

Grandes tratores retirando material e carretas circulando durante a madrugada. O terreno é iluminado por um sofisticado e estruturado esquema de luz artificial. Homens com armas de grosso calibre fazem a escolta dos veículos e dos profissionais clandestinos.

Este é o cenário da exploração ilegal de minério em áreas de Barão de Cocais e Santa Barbará, municípios da Região Central de Minas Gerais.

Os mineradores clandestinos são tão ousados que invadem propriedades rurais particulares e até terrenos da mineradora Vale para retirar ilegalmente o minério.

A reportagem da Itatiaia acompanha a situação há quase 30 dias. Moradores denunciam que a prática criminosa está ocorrendo em comunidades e distritos das duas cidades.

“Conceição do Rio Acima, Paiol, Rico Acima, em vários lugares o minério tirado ilegal está prejudicando muito os moradores. É tão bem organizado que eles tem olheiros para ver se a polícia está chegando. Tem gente com arma de fogo. Era um lugar tranquilo de se viver, hoje está difícil, com muitas agressões e ameaças”, diz uma mineradora que não se identificou por questões de segurança.

Ela conta que os mineradores clandestinos intimidam, ameaçam e até agridem pessoas que eles desconfiam que possam estar envolvidos em denúncias.

“As pessoas denunciam, mas parece que a denúncia chega ao ouvido daqueles que estão roubando o minério. Eles ainda estão indo agredir as pessoas que estão denunciando”, relata uma moradora.

A reportagem Itatiaia conversou com vários moradores que confirmaram esses detalhes, mas não quiseram gravar entrevistas, mesmo no anonimato, temendo represálias.

Foto: Reprodução/PPMG/Semad

Operação da PM

Na madrugada desta quinta-feira (1º), a Polícia Militar de Meio Ambiente realizou uma grande operação na região.

A corporação prendeu sete homens suspeitos de envolvimento com a extração ilegal de minério, além de apreender maquinário pesado e multar os envolvidos em mais de 300 mil reais, como conta o sargento da PM, Vinicius Mendes.

“Com as informações que obtivemos com o setor de inteligência do batalhão do meio ambiente, conseguimos prender 7 autores que estavam fazendo extração no local, além da apreensão de três caminhões que estavam sendo carregados e duas máquinas que estavam sendo usada nessa ação”, explica o sargento.

Documentos do Governo de Minas apontam que após a denúncia da reportagem da Itatiaia, a Polícia Militar de Meio Ambiente foi acionada para realizar levantamentos na área e flagrou a extração ilegal de minério.

O Subsecretário de Fiscalização Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais, Alexandre Leal, confirmou que as informações repassadas por nossa reportagem contribuíram com o setor de inteligência da corporação.

Foto: Reprodução/PMMG/Semad

Atenção especial da Polícia Federal

Os presos da operação deflagrada na quinta-feira (1º) foram trazidos para a delegacia da Polícia Federal em Belo Horizonte

A PF confirmou que existem inquéritos abertos investigando em Barão de Cocais denúncias de exploração ilegal de minério – pratica que a PF chamou de destrutiva e nefasta.

Responsável pela Delegacia Federal de Proteção ao Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, o delegado federal, Juvercino Guerra Filho, afirmou que a pratica ilegal tem merecido uma atenção especial da Polícia Federal.

“Temos feito uma repressão diuturna sobre esse delito e é inadmissível que ainda existam empresários que montem seus negócios exclusivamente voltados para a usurpação de patrimônio da União”, diz o delegado.

A área onde estava sendo realizada a exploração ilegal de minério e ocorreram as prisões pertence à Vale.

Os homens invadiram ilegalmente a área particular conhecida como Fazenda Tambor, de propriedade da mineradora. O terreno é destinado à compensação ambiental de seus empreendimentos na região.

Procurada pela Itatiaia, a empresa repudiou a prática criminosa. A Vale disse que a atividade ilegal causa drásticos impactos ao meio ambiente, aos cofres públicos, à segurança e à atração de investimentos.

As forças de segurança informaram que vão continuar monitorando a área e que novas prisões, apreensões de equipamentos e multas podem ocorrer a qualquer momento.

Quem for flagrado extraindo ilegalmente minério de ferro, além do pagamento de multa, vai responder por usurpação de patrimônio da União. A pena prevista é de cinco anos de prisão.

Foto: Reprodução/PMMG/Semad

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