A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) recebeu uma lista de documentos entregues pela Casa Civil que mostram uma série de reuniões no Palácio do Planalto realizadas pelo “ministério paralelo” da Saúde. Ao todo, foram 24 encontros para traçar as políticas públicas de combate à pandemia do novo coronavírus. Documentos falam de estratégias do governo no combate à pandemia.
As informações estavam nos documentos enviados pela Casa Civil nas reuniões realizadas para tratar da pandemia.
Senadores que compõem a comissão indicam que o grupo ‘paralelo’ se comportava como ‘conselheiro’ do presidente Jair Bolsonaro , que não esteve presente em somente seis destas reuniões.
Entre os participantes, o nome do filho do presidente, vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), a médica Nise Yamaguchi e o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e o assessor especial da Presidência Tercio Arnaud
Apesar de Bolsonaro não estar presente em seis das 24 reuniões, todas ocorreram no Palácio do Planalto ou no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
Nesta semana, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou, na quinta-feira (27), que há provas demasiadas da existência do “ministério paralelo” de aconselhamento ao presidente Bolsonaro.
“Eu queria dizer que as expectativas todas, sem exceção, que tínhamos caminharam no sentido das materializações. Temos provas sobejas do ‘ministério paralelo’, consultoria que despachava com o presidente da República e decidia diferente do Ministério da Saúde. Temos provas de algumas pessoas que participaram dessa consultoria”, declarou o relator a jornalistas.
O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), declarou que, em 30 dias de funcionamento do colegiado, ficou claro o funcionamento de um “gabinete paralelo” de enfrentamento à covid-19. Segundo ele, esse assessoramento ao governo federal estaria adotando uma estratégia diferente da estabelecida pela ciência, insistindo no tratamento precoce e na aposta na imunidade de rebanho. No entendimento de Randolfe, o depoimento do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, deixa clara também a negação da vacina pelo governo.
— Temos mais de 80 milhões de doses de vacinas que poderiam ter sido aplicadas desde dezembro até agora. Isso significaria 40 milhões de brasileiros imunizados. Isso teria um peso enorme para conter a segunda onda da pandemia e salvar vidas — afirmou.
Foto: Agência Brasil