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Miranda: “Prefiro votar nulo do que estar com Jair Bolsonaro em 2022” Ao Metrópoles, deputado afirmou que não estará ao lado da oposição, mas não sobe ao palanque do chefe do Executivo novamente

28 de junho de 2021, 17h46 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Metrópoles

Em entrevista ao Metrópoles, nesta segunda-feira (28/6), o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que prefere votar nulo nas eleições do próximo ano do que subir no palanque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com o político, as recentes polêmicas envolvendo ele e seu irmão, o servidor concursado do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, o fizeram deixar o apoio ao chefe do Executivo.

“[Não estarei mais no palanque de Bolsonaro] Por vários motivos, mas principalmente pelo governo ter agido contra o mensageiro, e não contra a mensagem. Mas também não estarei no palanque da oposição. Prefiro votar nulo, depois do que assisti, depois da maldade que fizeram com meu irmão, da maldade que fizeram comigo, simplesmente por estarmos combatendo a corrupção, jamais subiria de novo no palanque de Jair Messias Bolsonaro. Nem hoje e nem nunca”, afirma Miranda, em entrevista ao jornalista Caio Barbieri.

O deputado Luis Miranda afirmou que “falar a verdade” na CPI da Covid-19, em seu depoimento na última sexta-feira (25/6), significou “atacar o governo”. De acordo com Miranda, ele defendeu o presidente e disse que não precisa mentir sobre a compra da vacina Covaxin.

“De alguma maneira, não aconteceu a importação até a data que fomos [eu e meu irmão] para a CPI. Fiz na CPI um depoimento de coração aberto, disse que confio que o presidente fez algo. Falar a verdade parece que é atacar o governo nesse caso”, afirma Miranda, em entrevista ao jornalista Caio Barbieri.

Luis Miranda e o irmão Luis Ricardo depuseram à CPI da Covid-19 na última sexta-feira (25/6). Na ocasião, o deputado afirmou que o líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), foi mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro como possível envolvido em esquema de corrupção, ao ouvir denúncia sobre os supostos problemas no contrato da vacina Covaxin. Barros nega envolvimento.

Os irmãos se reuniram com Bolsonaro em 20 de março, no Palácio da Alvorada. Segundo o parlamentar, a conversa durou 50 minutos. O chefe do Executivo federal teria citado o nome do líder do governo já nos primeiros 10 minutos de diálogo. “Esse pessoal, meu irmão, tá foda. Não consigo resolver esse negócio. Mais uma desse cara, não aguento mais”, teria dito Bolsonaro, segundo Luis Miranda.

Veja como foi a entrevista:

“A gente precisa saber se o presidente levou ou não levou [a denúncia para autoridades]. Todo mundo sabe que o Barros é investigado nessa situação, o nome dele está vinculado nesse processo. Não acredito que ele sabia do envolvimento de Barros, ele me perguntou se o Barros está envolvido nisso”, diz Miranda.

De acordo com o deputado, o governo federal deve um pedido de desculpas para ele por conta das ameaças que recebeu. “Fui ameaçado pelo Onix, fui ameaçado pela Polícia Federal sem propósito. Eu vou fazer um requerimento e ainda hoje vou encaminhar para a Polícia Federal para saber se ele [Onix] abriu uma investigação contra mim. Isso é usar a máquina pública para investigar uma testemunha que está falando a verdade”, completou.

Eduardo Pazuello

Quando questionado sobre a procura da ex-esposa do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello para depor na CPI da Covid, Miranda afirmou que a Andréa deseja se “vingar do ex-marido”. O deputado também defendeu que o político deveria “colocar pratos limpos” na comissão para “mudar o Brasil de caminho”.

“Pazuello falou algumas coisas para mim que eu acho importantes, em prol de um Brasil livre de corrupção, que a bandeira que esse governo sempre defendeu, ele deveria expor, deveria colocar em pratos limpos. Deveria ir na CPI falar tudo que sabe ou buscar uma investigação. Ele falou algumas coisas comigo que eu não tenho como comprovar, só ele tem, que eu acho que, se ele comenta isso em uma investigação, o Brasil muda de caminho”, afirma.

De acordo com o deputado, Pazuello disse para ele que estava sendo expulso do ministério por não compactuar com “coisas erradas”. “Nesse momento que ele conversa comigo, ele externa a mágoa dele por ter tentado chegar a vacina antes, que foi impedido. Acho que ele poderia ajudar a parar com coisas que acontecem até hoje no ministério”.

Democratas

Quando questionado sobre os ataques de deputados do seu próprio partido, o Democratas, Miranda afirmou que pensou em abrir um pedido de expulsão aos deputados citados, mas não encontrou elementos “dentro do regimento” do partido para fazer abertura do inquérito.

“Eu acho que eles erraram e uma prova que eles erraram é o que vem se desdobrando depois que dissemos a verdade na CPI. Isso não é caso de partido. No início até analisei, achei que caberia um caso de expulsão, mas não tem elementos dentro do regimento do Democratas por uma discussão que está representando o governo federal. No momento que ele ataca de forma sorrateira, ele tem que saber que isso tem consequências legais, e eu vou tocar para frente. Mas no partido, não”, garante.

Entenda

De acordo com documentos do Tribunal de Contas da União (TCU), o imunizante indiano foi o mais caro negociado pelo governo federal, custando R$ 80,70 a unidade. O valor é quatro vezes maior do que o da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a AstraZeneca, por exemplo.

A CPI da Covid investiga por que o governo agilizou os trâmites na compra da Covaxin. Segundo um levantamento do TCU, o Ministério da Saúde levou 97 dias para fechar o contrato do imunizante indiano, enquanto demorou 330 dias para ter um acordo com a Pfizer.

Além disso, o contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para aquisição da Covaxin foi o único acordo do governo que teve intermediário sem vínculo com a indústria de vacinas – o que foge do padrão das negociações e dos contratos de outros imunizantes.

O Ministério da Saúde firmou contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses. O valor ainda não foi pago, mas está empenhado (reservado para desembolso), e as doses não foram importadas para o Brasil.

Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

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