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Moro apoia Bolsonaro: veja o que um já disse sobre o outro Agora em 'novo relacionamento', no passado os dois trocaram acusações, e o candidato à reeleição chegou a chamar o ex-ministro da Justiça de 'traíra'. Moro já disse que 'não há escolha possível' entre 'petrolão' e 'rachadinha' e que 'assim como Lula, Bolsonaro mente'.

17 de outubro de 2022, 17h05 | Por Redação - Blog do Lindenberg

by Redação - Blog do Lindenberg

Por g1

O ex-juiz e agora senador eleito pelo Paraná Sergio Moro (União Brasil) declarou apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição presidencial contra Lula (PT). Depois de trocarem acusações por suposta interferência na Polícia Federal, há dois anos, ambos estiveram juntos no primeiro debate do 2º turno, com Moro no auxílio de Bolsonaro – em especial nos temas ligados a corrupção.

Após o confronto com o petista, o atual presidente afirmou que o desentendimento entre ele e o ex-juiz da Lava Jato está “superado” e que os dois têm um “novo relacionamento”. “Acontece divergência. Tivemos algumas, mas as nossas convergências são muito maiores. Estamos num projeto aqui de Brasil”, afirmou Bolsonaro.

Sergio Moro foi uma aposta de Jair Bolsonaro para as eleições em 2018 ao levantar as bandeiras de combate à corrupção e ao crime organizado. Quando eleito, em novembro daquele ano, o presidente eleito à época anunciou o ex-juiz como gestor do Ministério da Justiça com status de superministro.

A relação entre eles durou um ano e quatro meses. Em abril de 2020, Moro deixou o governo acusando Jair Bolsonaro de tentativa de interferência na Polícia Federal (PF) e disse ser preciso “preservar a biografia”.

Os dois romperam e trocaram acusações, com o Jair Bolsonaro chegando a chamar Moro de “traíra” neste ano. Agora, após uma postagem de Moro nas redes sociais anunciando apoio, o candidato à reeleição afirmou que os problemas foram superados.

Em uma live em 31 de março deste ano, Jair Bolsonaro afirmou que Moro era ‘traíra’ e ‘mentiroso’.

“Também aqui, ó. Polícia Federal diz ao Supremo que não há elementos indiciários mínimos de crime na troca na PF que levou à demissão de Moro. Sergio Moro, além de traíra é mentiroso”, afirmou o presidente enquanto lia a manchete de um jornal.
Interferência na PF
Ao deixar o cargo de ministro, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir na PF. Ele também alegou ter deixado o governo por não dar continuidade à bandeira de combate a corrupção.

“O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação”, afirmou o ex-juiz.
Moro também questionou se o mesmo acontecesse em outros governos.

“Imaginem se durante a própria Lava Jato, ministro, diretor-geral, presidente, a então presidente Dilma, o ex-presidente, ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento?”, questionou.

Ele afirmou que Bolsonaro sabia se tratar de interferência. “Falei para o presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo”, disse.

“Tenho que preservar minha biografia, mas acima de tudo tenho que preservar o compromisso com o presidente de que seríamos firmes no combate à corrupção, a autonomia da PF contra interferências políticas”, declarou Sergio Moro.
“Para mim esse último ato é uma sinalização de que o presidente me quer realmente fora do cargo.”

As declarações renderam ao presidente a instauração de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar as denúncias.

Indicação para o STF
Depois das acusações de Sergio Moro, Bolsonaro afirmou que o ex-juiz não tinha compromisso com o Brasil, apenas consigo próprio.

“Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa. A outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã, por coincidência, tomando café com alguns parlamentares, eu lhes disse: ‘Hoje, vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil'”, declarou.
Ele também afirmou que Moro aceitaria a demissão do diretor caso fosse indicado pelo presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal’. Me desculpe, mas, não é por aí”, afirmou Bolsonaro.
Preocupação com o STF
Em outro momento do anúncio de demissão, Moro disse que Bolsonaro manifestou preocupação com inquéritos em andamento no STF.

“Presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal e que a troca também seria oportuna da Polícia Federal por esse motivo. Também não é uma razão que justifique a substituição, é até algo que gera uma grande preocupação”, disse.

‘Ladrão de um lado e um ladrão do outro’
No início de 2022, quando ainda investia em uma possível candidatura ao Palácio do Planalto, Sergio Moro atacou tanto Lula quanto Bolsonaro, favoritos naquele momento para a eleição presidencial. Ele disse que “não há escolha possível” entre “petrolão”, ao se referir ao PT, e “rachadinha”, ao falar de Bolsonaro.

“Sério que, entre um ladrão de um lado e um ladrão do outro, a culpa é do juiz? Entre o petrolão e a rachadinha, não há escolha possível. Precisamos, sim, reformar nosso sistema de justiça para que casos de corrupção não fiquem impunes”, postou em seu perfil no Twitter.
Bolsonaro ‘mente’
Moro chegou a equivaler Lula e Bolsonaro, ao dizer que “assim como Lula, Bolsonaro mente” ao dar fim à Operação Lava Jato. “Nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o [diretor-presidente da Anvisa] Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência”, declarou.

O senador eleito chegou a dizer, ainda, no começo deste ano, que “Bolsonaro enfim admitiu ontem que nunca defendeu o combate à corrupção e a Lava Jato”. “Era só mais um discurso do seu estelionato eleitoral”, postou.

Familiares de Bolsonaro ‘são irrelevantes’
Questionado se temia Bolsonaro ou os filhos do presidente durante a campanha eleitoral, Moro disse que julgou bandidos e respondeu “não”.

“Já julguei bandidos perigosos, inclusive traficantes internacionais. Se nunca tive medo de enfrentar criminosos, não serão ofensas ou ataques mentirosos que irão me assustar”, disse, em janeiro de 2022. “Se eu fiz tudo isso eu vou ter medo de família de Bolsonaro? Para mim, essas pessoas são irrelevantes. Totalmente irrelevantes.”
“Novo relacionamento”
Na terça-feira (4), Sergio Moro fez uma publicação nas redes sociais e anunciou apoiar Jair Bolsonaro no segundo turno.

A declaração foi repercutida por Bolsonaro, que afirmou que o desentendimento entre eles foi superado.

“Tá superado tudo. E daqui pra frente é um novo relacionamento. Ele pensa, obviamente, no Brasil e quer fazer um bom trabalho para o seu país e para o seu estado. Então, passado é do passado, não tem contas a ajustar. Nós temos é que, cada vez mais, nos entendermos pra melhor servimos a nossa pátria. Ele mesmo, quando chegou aqui como ministro, não tinha nenhuma experiência política”, declarou Bolsonaro.
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Foto: reprodução

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