O presidente Bolsonaro comunicou nesta quinta-feira (23) ao ministro da Justiça, Sergio Moro, que pretende trocar o comando da Polícia Federal. O ex-juiz da Lava Jato ameaçou deixar o cargo após a nova ofensiva do presidente para trocar Mauricio Valeixo, o diretor-geral da Polícia Federal, que é um nome de confiança de Moro e um dos policiais mais respeitados da instituição.
A informação é da Folha de S.Paulo. Segundo o jornal, Moro, ao ser informado da troca na PF, demonstrou perplexidade uma vez que Valeixo é um nome de sua confiança e foi escolhido pelo próprio ministro.
As ameaças de Bolsonaro em trocar a diretoria-geral tem ocorrido desde o ano passado. Valeixo está na mira do Palácio do Planalto devido à investigações envolvendo alguns nomes do governo, incluindo Flavio Bolsonaro, filho mais velho do presidente.
Ao saber da demissão de Valeixo, Moro ameaçou deixar o ministério. A Folha destaca ainda que o presidente recuou e agora tenta contornar a situação, e os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) foram escalados para convencer o ministro a recuar da decisão.
O ministro da Justiça é a figura mais popular do governo, segundo as pesquisas de opinião. Moro também é visto como um forte e possível adversário nas próximas eleições, caso rompa com Bolsonaro.
Economia
Após a notícia de que Sergio Moro pediu demissão, a bolsa brasileira B3 aprofundou a queda, e caiu 2%. O dólar subiu para R$ 5,48. Segundo o InfoMoney, às 15h25, o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro caía 1,4%, para 78.909,57 pontos. O dólar comercial, referência nas transações entre bancos e empresas, avançava 1,6%, vendido a 5,496 reais.
No pior momento, o índice do Ibovespa chegou a cair aos 78.621,92 pontos (-2,56%). No entanto, em meio às incertezas quanto ao futuro do ministro, a bolsa conseguiu se afastar das mínimas.
Pouco antes da notícia, o Ibovespa já havia virado para queda com a notícia do Financial Times, citando documentos publicados acidentalmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que o antiviral Remdesivir não melhorou a condição dos pacientes com a infecção respiratória da covid-19, e nem reduziu o patógeno do vírus na corrente sanguínea.
Na semana passada, a notícia de que o medicamento teria sido eficaz para tratar 120 pessoas infectadas serviu de gatilho para uma elevação dos ativos de risco no mundo inteiro ao alimentar esperanças de que a pandemia que travou a economia possa ser domada logo.
Foto: José Cruz/Agência Brasil