Por Itatiaia
Pois é!
O Brasil perde o pai de sua agricultura. Faleceu hoje no Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli aos 87 anos que seriam completados no dia 10 julho, data que também se comemora o aniversário de Bambui, onde nasceu Alysson Paolinelli em 1936. O velório será no Palácio da Liberdade.
Paolinelli se formou em agronomia na ESAL, hoje Universidade Federal de Lavras, onde foi diretor por cinco anos. Em 74, assumiu a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e ao começar a implantação de uma plano moderno de produção de alimentos no estado foi convidado pelo então presidente Ernesto Geisel para assumir o Ministério da Agricultura, sendo o chefe da pasta durante 5 anos.
Foi nessa época que Alysson Paolinelli encontrou a EMBRAPA nascendo e de imediato implantou políticas marcantes no setor de Agricultura incluindo o aproveitamento do cerrado no centro-oeste brasileiro, participando ativamente no desenvolvimento do Proálcool.
Deixou o Ministério da Agricultura em 79. Foi presidente da Confederação Nacional da Agricultura; eleito deputado federal por Minas Gerais participou da Assembleia Nacional Constituinte em 87 e 88.
Foi o chefe da Delegação Brasileira na Conferência Mundial de Alimentos, na FAO, presidente da Associação Brasileira Agrícola Superior.
Em 2006, Alysson Paolinelli recebeu o prêmio World Food Prize, que condecora personalidades que contribuem para o aumento da qualidade e quantidade de alimentos no mundo.
Ano passado Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pela dedicação a agricultura tropical, segurança alimentar e sustentabilidade na produção de grãos no Brasil, tendo seu nome indicado ao Nobel também em 2023.
Uma certa vez, conversando com o ministro sobre os grandes produtores de alimentos que são Estados Unidos e China, ele me disse:
“Valdir, o Brasil não precisa mais se preocupar com esses países, porque nós também temos espaço e tecnologia, além do clima tropical. Aqui produzimos de 2 a 3 safras por ano, e lá não passa de uma. Nosso grande concorrente no futuro serão os países da África, continente que também tem o clima tropical.”
A última entrevista de Alysson Paolinelli foi para o Agro da Itatiaia. Eu estive em sua casa em Lagoa Santa na quarta-feira da Semana Santa, 5 de abril. Foi quando ele me falou que estava a exatos 8 dias de uma cirurgia na cabeça do fêmur.
Realizado o processo cirúrgico, no Hospital Madre Tereza, Paolinelli cumpriu alguns dias de recuperação e voltou à sua casa num condomínio de Lagoa Santa. Houve uma reação negativa à cirurgia e ele retornou ao hospital e dias depois foi novamente liberado.
A sua última entrada no Madre Tereza foi há cerca de 20 dias e sua morte foi por falência múltipla de órgãos.
Foto: divulgação/UFLA