O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG) informou a morte do médico Carlos Antônio Melgaço Valadares, na madrugada desta terça-feira (20), na capital mineira. Valadares tinha 75 anos e sofreu complicações após passar por uma cirurgia no último final de semana.
Carlos Antônio Melgaço Valadares cursou o primário no Grupo Escolar Artur Bernardes, o secundário e o científico no Colégio Dom Silvério e o curso preparatório para o vestibular de Medicina no Colégio Arnaldo em Belo Horizonte. Sua trajetória política iniciou-se aos 17 anos, ao ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1963.
Leia na íntegra a nota publicada pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais:
CONSELHO ESTADUAL DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS DE MINAS GERAIS
NOTA DE PESAR
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG) expressa, por esta nota, profundo pesar pelo falecimento, nesta terça, dia 20/10, do médico Carlos Antônio Melgaço Valadares, que integrou a Comissão da Verdade em Minas Gerais.
Carlos Antônio Melgaço Valadares cursou o primário no Grupo Escolar Artur Bernardes, o secundário e o científico no Colégio Dom Silvério e o curso preparatório para o vestibular de Medicina no Colégio Arnaldo em Belo Horizonte.
Sua trajetória política iniciou-se aos 17 anos, ao ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1963.
Em 1968, casou-se com Loreta Valadares, que conhecera no movimento estudantil na Bahia.
Por força do golpe militar no Brasil, em março de 1964, Valadares e Loreta foram presos, torturados, condenados a três anos de prisão e tiveram seus direitos políticos cassados.
Sua formação médica somente foi concluída no Karolinska Instituted de Estocolmo, Suécia, na segunda metade da década seguinte, durante exílio.
Militante histórico do PCdoB, Carlos Antônio Melgaço Valadares foi uma referência na luta contra a ditadura militar no país, tendo participado na Guerrilha do Araguaia (1970 –1973), além de outros movimentos pelas liberdades democráticas.
Especialista em medicina do Trabalho, sempre militou na luta sindical. Participou, desde 1980 do movimento médico. Foi Secretário Estadual do Meio Ambiente e de Defesa Civil, na Bahia; membro de várias entidades, como a Associação Baiana de Medicina, da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho, da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, da Associação Brasileira de Ergonomia. Foi conselheiro do Conselho Regional de Medicina da Bahia por 3 mandatos e diretor do Sindicato dos Médicos – SINDIMED daquele estado, sendo também médico do Sindicato dos Bancários, 1991-2013.
Em 2015 recebeu, da Assembleia Legislativa da Bahia, o título de cidadão baiano. Na ocasião, se dizendo emocionado, Carlos Antônio Melgaço Valadares fez um discurso destacando três grandes valores: Verdade, Memória e Justiça. E iniciou de forma poética: “meu passado é hoje, meu presente, caminho para o futuro”. Valadares salientou a luta do Grupo Tortura Nunca Mais e o valor das Comissões da Verdade em todo o país, e citou o escritor francês Émile Zola, no livro Eu acuso: A verdade está em marcha; nada a deterá”.
Retornando a Minas Gerais, Carlos Valadares foi indicado como membro da Comissão da Verdade (entre 2015 e 2017), onde coordenou o grupo de trabalho responsável pelo relatório que pesquisou sobre os acontecimentos que provocaram mortes e desaparecimentos de opositores à ditadura militar em nosso Estado.
A vida e o legado de Carlos Antônio Melgaço Valadares são uma luz a nos iluminar nesses tempos sombrios que vivemos atualmente. Melgaço sempre presente!
Foto: Reprodução
2 comentários
Aprendi muitas coisas com Carlos
Grande batalhador pelos direitos humanos. deixa exemplo de vida e lutas pela justiça social.