Morreu nesta quinta-feira (20) o procurador Alessandro Oliveira, coordenador da Lava Jato que substituiu Deltan Dallagnol no Paraná. O Ministério Público Federal, confirmou o falecimento do procurador e divulgou uma nota de pesar. Oliveira estava internado em Curitiba desde o fim de semana e seu estado de saúde era considerado gravíssimo. Ele tinha 45 anos e vinha tratando de um linfoma pulmonar.
O procurador assumiu a força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná em setembro do ano passado, depois que Dallagnol anunciou sua saída. Alessandro José Fernandes de Oliveira era procurador da República desde 2004 e atuava no Estado desde 2012. Foi cedido à PGR em 2018, chamado por Raquel Dodge para integrar o grupo da Lava Jato.
Na PGR, deixou como legados o desenvolvimento de um sistema interno de monitoramento de acordos de delação premiada, cujo principal objetivo é verificar pagamentos das multas e reparações, bem como o cumprimento das penas pactuadas.
Antes do trabalho na PGR, ele se notabilizou no campo eleitoral, de investigação sobre compra de votos no interior do Paraná. Autor de livros sobre a aplicação do direito na atividade policial, tinha experiência no combate ao crime organizado, corrupção e lavagem de dinheiro.
Perfil
Graduado em Segurança Pública pela Academia Policial Militar do Paraná e em Direito pela Universidade Federal do Paraná, possuía mestrado em Direito das Relações Sociais pela mesma universidade e, desde 1996, dava aulas de direito criminal e processual penal.
No MPF, integrava as câmaras criminal e anticorrupção, órgãos internos que uniformizam entendimentos dos procuradores nessas áreas.
Leia a nota do MPF
O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná lamenta profundamente a morte do procurador da República Alessandro José Fernandes de Oliveira nesta quinta-feira (20). Com uma trajetória de 17 anos no MPF, o trabalho de Alessandro foi marcado pelo comprometimento, pela excelência e pela cordialidade.
Todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com Alessandro durante a brilhante carreira dedicada à defesa dos ideais do MPF trazem a marca de seu exemplo. Alessandro deixa ao Ministério Público Federal um legado de coragem e honradez, que servirá de guia a iluminar os que, como ele, dedicam a vida à missão constitucional de “promover a realização da justiça, a bem da sociedade e em defesa do Estado Democrático de Direito”.
Alessandro tinha 45 anos e começou sua trajetória como procurador da República em 2004 na PRM/Marabá (PA). No mesmo ano foi removido para a PRM/Foz do Iguaçu, onde ficou até 2007. Ainda em 2007, o procurador foi para a PRM/Paranaguá, indo definitivamente para a sede do MPF, em Curitiba, em 2013. Mas seu vínculo com ao MPF no Paraná é mais antigo: Alessandro foi servidor comissionado de 2002 a 2004.
Em 2013, ao assumir a Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná, Alessandro mostrou sua versatilidade e conhecimento jurídico, executando um trabalho marcante na área eleitoral, que até hoje é lembrado por colegas. No mesmo ano assumiu um novo desafio, mostrando seu comprometimento com o MPF: o de procurador-chefe substituto. O trabalho na esfera administrativa foi igualmente marcado pela dedicação, excelência e por sua capacidade de dialogar.
Na área criminal e de combate à corrupção, Alessandro teve a oportunidade de selar definitivamente seu comprometimento com a sociedade. De 2011 a 2013, o procurador foi conselheiro do Conselho Penitenciário do Estado do Paraná, e, de 2012 a 2016, foi coordenador da Rede de Controle da Gestão Pública no Estado do Paraná.
Durante os anos de 2019 e 2020, o procurador esteve no Grupo de Trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR), um reconhecimento nacional da excelência do seu trabalho, e onde ele conseguiu, novamente, trabalhar por uma sociedade mais justa e democrática.
Lava Jato – Recentemente, em 2020, em mais um ato de coragem e diante de um imenso desafio, Alessandro assumiu a coordenação da Lava Jato no Paraná. Com o lema “ninguém fica para trás”, o procurador cativou colegas com seu espírito coletivo e com sua forma empática e sempre respeitosa de dialogar. E, mais uma vez, mostrou a excelência do seu trabalho. Alessandro deixa um vazio como coordenador, mas muito mais como amigo, companheiro e exemplo de determinação, coragem e liderança.
Alessandro – sua pessoa e seu trabalho – está marcado na história do MPF, do Paraná e será sempre lembrado com carinho por todos aqueles que tiveram a honra de sua companhia.
Palavras são insuficientes para homenageá-lo. A maior dedicatória que podemos fazer à sua vida é seguir seu legado de destemor, convicção e dedicação ao órgão.
O MPF decreta luto oficial de três dias e presta condolências aos familiares e amigos de Alessandro.
Foto: divulgação