O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou nesta sexta-feira (15) que designou promotores de Justiça para acompanhar a autoria de pichações com ameaças a jornalistas em Belo Horizonte. A Polícia Civil informou que vai investigar o caso.
As pichações foram feitas em um tapume colocado no Hospital das Clínicas, na avenida Alfredo Balena, no bairro Santa Efigênia, na região Leste da cidade. Eles amanheceram pichados nessa quinta-feira (14) com intimidações como “Colabore com a limpeza do Brasil matando um jornalista todo dia”, diz uma das frases escritas.
Segundo o Ministério Público o procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, designou os promotores de Justiça Patrícia Medina Varotto de Almeida, Marcelo de Oliveira Milagres, Paulo Roberto Santos Romero e Pablo Gran Cristófaro para acompanharem o Inquérito Policial instaurado pela Polícia Civil para apurar o fato.
De acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), os pichos não permaneceram visíveis por muito tempo. Eles foram cobertos por cartazes em defesa dos jornalistas pela presidente do SJPMG, Alessandra Mello, pelo presidente da Casa do Jornalista, Kerison Lopes, e pelo diretor Eduardo Motta.
Logo após, eles foram retirados pelo Hospital das Clínicas e os tapumes foram pintados novamente. De acordo com a assessoria do hospital, a chuva do começo da tarde danificou os cartazes e o hospital teve que pintar rapidamente para que os pichos não ficassem visíveis .
O delegado Wagner Salles, chefe do primeiro departamento de Polícia Civil de Belo Horizonte, que investiga o caso disse que todos os esforços serão empreendidos para tentar apurar o responsável pelas pichações que, segundo ele, atinge toda uma classe de trabalhadores e “também a democracia”. De acordo com Salles, serão requisitadas imagens das câmeras de segurança da região na tentativa de identificar quem está pregando a violência contra os jornalistas.
Assim que tomou conhecimento das pichações, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), Alessandra Melo, esteve no local para registrar as pichações e tentar localizar imagens das câmeras de segurança. Em frente ao local, existem câmeras instaladas em um comércio local. Segundo o gerente, cujo nome vai ser preservado por questões de segurança, as imagens ficam guardadas por dez dias e podem se requisitadas pela Polícia ou pela Justiça. Todas essas informações foram repassadas à Policia Civil.
O sindicato também conversou com o procurador José Antônio Baeta de Melo Cançado, que se colocou à disposição da entidade para acompanhar as apurações sobre mais esse ato de violência com os jornalistas. Cópia das imagens e do Boletim de Ocorrência serão encaminhadas à instituição.
“Não é a primeira vez que pichações ameaçam de morte jornalistas mineiros. Durante a ditadura, a sede do sindicato foi invadida e as paredes pichadas com frases de ódio e incitação de crimes contra jornalistas. Nessa toada, não será a ultima vez que isso acontece e , como sempre, não ficaremos calados e não seremos intimidados. A liberdade de imprensa, o direito à informação são garantias universais e vamos sempre lutar por isso, em defesa da nossa profissão e da democracia”, afirmou a presidenta do sindicato.
A presidente do Sindicato registrou boletim de ocorrência sobre os fatos e ressaltou que tem crescido o número de ataques contra os profissionais de imprensa no país. De acordo com o relatório Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, disponibilizado no site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2019, foram registrados 208 ataques a veículos de comunicação e a jornalistas em território nacional, um aumento de 54,07% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 135 ocorrências.
O procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet afirmou que o MPMG repudia toda e qualquer forma de ameaça contra os profissionais de imprensa. Segundo ele, esses atos constituem deploráveis ataques ao próprio regime democrático, valor universal dos povos civilizados. Tonet informou, ainda, que a instituição empenhará todos os esforços para que os autores sejam identificados, processados e punidos na forma da lei.
Quem tiver alguma informação sobre o caso pode fazer a denúncia pelo 181.
Com informações da FENAJ, MPMG e SJPMG.
Foto: Alessandra Mello/SJPMG