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‘Não sou oposição’, afirma Juliano Lopes sobre postura no Legislativo Novo presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte quer Legislativo independente da prefeitura, mas afirma que não será oposição.

5 de janeiro de 2025, 16h51 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

No comando da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) pelos próximos dois anos, o vereador Juliano Lopes (Podemos) dedicou sua vitória a Deus e ao secretário da Casa Civil de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP), responsável por articular 23 votos para Lopes ainda no primeiro momento pós eleições. Candidato único até meados de dezembro do ano passado, o novo chefe do Legislativo afirmou que seu concorrente Bruno Miranda (PDT) havia se comprometido a não disputar a cadeira mais importante da Casa, e por isso o considera um “traíra”, e o vice-prefeito e secretário de governo de BH, Álvaro Damião (União), que articulou 18 votos para Miranda, um “pateta maior”.

Lopes não quis o “trono” de Afonso Pena para figurar em destaque no lugar de chefia entre a mesa diretora e, em seu primeiro ato como presidente, devolveu a peça ao acervo histórico. O ato simbólico reflete as críticas de Juliano Lopes a Gabriel Azevedo (MDB), que descumpriu o acordo de renúncia e não desocupou a cadeira para que o novo presidente ocupasse há dois anos. Em entrevista ao Estado de Minas, o parlamentar elencou suas prioridades e afirmou querer uma gestão democrática aos 41 vereadores e independente do Executivo.

Quais temas são mais urgentes em Belo Horizonte e serão prioridade no seu mandato?

Belo Horizonte tem um problema de mobilidade, o trânsito é caótico. Não tenho dúvidas que vamos ser parceiros da prefeitura, por meio da Comissão de Transportes, para tentar amenizar isso. Outra questão é o meio ambiente, sabemos que várias árvores foram cortadas e estamos com o aquecimento em alta, cada ano fica mais quente. Por isso, precisamos de técnicas ambientais para que a temperatura da cidade fique confortável para os belo-horizontinos.

Em seu discurso de posse, a redução do preço da passagem foi mencionada como prioridade. O que será feito em relação ao transporte público?

Vamos colher assinaturas dos vereadores e formalizar um documento pedindo a cassação do decreto que permite o aumento da passagem. A Câmara está em recesso até fevereiro, mas assim que retornarmos vamos reunir os 41 vereadores para achar uma solução. Eu não sou contra o subsídio, é para melhorar o transporte, mas infelizmente o subsídio vem sendo concedido há três anos e o transporte não melhorou.

A população continua reclamando da demora dos ônibus e até do estado de alguns deles. Temos que achar um modo de dar o subsídio e que isso tenha efeito para a população. Não podemos deixar esse contrato do jeito que está, temos que discutir isso agora. Se for preciso, podemos criar uma comissão especial para fiscalização do transporte público e debate do novo contrato que será feito em 2028.

Como fica a situação com a prefeitura após as críticas que o senhor fez ao vice-prefeito Álvaro Damião e ao líder de governo da prefeitura Bruno Miranda? A relação já estava abalada naquele momento?

Não estava abalada e nem quero que esteja, aquilo foi um desabafo. Estou aberto a conversar com a prefeitura desde que a prefeitura queira conversar. O prefeito Fuad Noman sempre disse, desde o início, que não entraria na disputa da Câmara Municipal. Ele fez um café da manhã com os 41 vereadores e disse a todos que a câmara teria que se resolver. Em 23 de dezembro, faltando uma semana para a eleição, o senhor Álvaro Damião se auto definiu como secretário de governo, exonerou o deputado Anselmo Domingos e começou a articular e oferecer muita coisa para os vereadores tentando “virá-los” de lado. A forma que a prefeitura atuou não foi correta porque eles não cumpriram com a palavra dele. Foi comprovado que o prefeito não iria entrar, mas partiu, lógico, essa articulação toda do vice-prefeito Álvaro Damião.

O prefeito disse que se o Bruno Miranda quisesse entrar na disputa seria por conta própria, mas não foi isso que aconteceu. Ele teve apoio do ex-presidente desta Casa, Gabriel Azevedo (MDB) e sua assessoria, senhor Álvaro Damião que se nomeou prefeito para fazer essa articulação em uma atuação desastrosa, porque mesmo oferecendo cargos, obras e outras coisas que eu não posso falar, ainda saíram derrotados.

Como equilibrar a independência da Câmara, citada pelo senhor como um dos princípios da gestão, com a promessa de não fazer oposição ferrenha à prefeitura e manter o diálogo?

Vamos supor que o Bruno Miranda tivesse sido eleito. Acha que a Câmara teria independência? Ele foi líder de governo durante dois anos, a Câmara seria um puxadinho da prefeitura, submissa ao Executivo. Não sou oposição à prefeitura, eu sou do equilíbrio, do diálogo. Quero legislar de forma harmônica.

O secretário da Casa Civil de Minas Gerais, Marcelo Aro, terá liberdade para interferir na Câmara?

Eu faço parte com muito orgulho da Família Aro. Temos uma pessoa que cumpre os compromissos. Não só o Marcelo Aro, mas todos os vereadores do grupo poderão discutir o que for melhor para a cidade e não existe qualquer tipo de imposição. Tenho que agradecer a ele, pois ele foi o grande articulador contra tudo, contra ministros, dirigentes de partidos, deputados federais e a prefeitura que atuou diretamente. Nós vamos dialogar, estamos em uma família que preza pelo diálogo. Os vereadores que votaram contra o Fuad têm direito de escolher se vão ser oposição, se vão ser situação.

Com informações do Estado de Minas.
Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press.

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