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Nível máximo de alerta para a Covid-19 impede reabertura do comércio em Belo Horizonte

25 de julho de 2020, 13h42 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O número médio de transmissão por infectado (Rt) na capital, que na semana passada atingiu 1,00 voltou a crescer. Na média dos últimos sete dias atingiu 1,02, demonstrando que o número de casos tende a permanecer elevado. Esse resultado consta no 11º Boletim de Monitoramento, divulgado nesta sexta-feira (24) pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Sem uma redução maior do nível de contágio, a ocupação de leitos para Covid continuou no nível de alerta vermelho. O percentual de ocupação de leitos de UTI Covid aumentou de 85% (boletim do último dia 17) para os atuais 87%, atingindo por alguns dias níveis acima de 90%. As internações nas enfermarias nesse mesmo período passaram de 74% para 75%. Ambos os percentuais foram atingidos, mesmo com a disponibilização neste mês de 77 leitos UTI Covid e 258 leitos de enfermarias Covid. A parte positiva do atual quadro é que já não apresenta piora como há algumas semanas. O nível de transmissão está estável nos últimos 15 dias, contudo, gerando novos casos em patamar elevado.

Diante de tais indicadores, o termômetro da Covid-19 permaneceu, pela sétima semana consecutiva, no nível de alerta geral vermelho (máximo), o que balizou a decisão da Prefeitura por manter a cidade na fase de controle no processo de reabertura do comércio.

Dados da Secretaria Municipal da Saúde demonstraram que na quinta-feira passada, dia 17, Belo Horizonte contabilizava 13.559 casos confirmados de Coronavírus e 320 óbitos. Nessa quinta-feira, dia 23, o número de casos saltou para 16.100 e o de mortes para 417. Aumento de 18% e 30%, respectivamente, em apenas sete dias.

Mesmo não permitindo a flexibilização neste momento, a Prefeitura continuará mantendo o diálogo e a transparência na mesa de negociações com as entidades representativas dos diversos setores econômicos. Uma nova reunião com Abrasel e CDL-BH será agendada para a próxima semana, quando a Prefeitura apresentará uma avaliação da proposta do nível de leitos para liberação da abertura e das fases indicadas por essas entidades.

“É importante reforçar que não bastam os leitos como critério de abertura, uma vez que, desde 15 de maio, tem se monitorado também a velocidade de transmissão do vírus (Rt) – outro determinante para o processo de reabertura”, disse o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis.

Segundo Reis, as entidades trouxeram um outro plano como alternativa ao que já havia sido construído juntamente com as próprias entidades e outras há mais dois meses. Encontros com representantes de outras atividades econômicas que ainda não retomaram também estão na pauta da Prefeitura, que busca alternativas e soluções de acordo com a realidade de cada segmento e respectivas regras sanitárias que viabilizem o seu funcionamento.

De acordo com o secretário de Planejamento, desde o início da pandemia, a administração municipal se pautou na construção coletiva de propostas, mas com o cronograma de reabertura sempre baseado no acompanhamento dos indicadores epidemiológicos.

“Sabemos e entendemos a angústia de todos os setores impactados pela pandemia, e vamos auxiliá-los no momento certo para a retomada, mas, agora, a Prefeitura tem como prioridade a vida. Nas negociações para reabertura, a CDL sempre utiliza como exemplo de sucesso os casos de São Paulo, que tem taxa de óbito cinco vezes maior que a Belo Horizonte, ou do Rio de Janeiro, que contabiliza sete vezes mais mortos que nossa cidade. Não podemos abrir a qualquer custo, colocando em risco a vida de centenas de belo-horizontinos e de trabalhadores do setor comercial. Se a entidade não se importa com a vida dos trabalhadores do setor, a Prefeitura se importa”, disse o secretário.

No comparativo de mortalidades, Belo Horizonte possui 15,8 mortos por 100 mil habitantes, a menor taxa entre as grandes capitais, conforme pode ser acompanhado no gráfico abaixo:

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, não se pode considerar que a expansão de leitos por si só proporcione flexibilizações nas atividades econômicas porque o descontrole na expansão da doença é sempre muito superior à capacidade de expansão da atenção à saúde, considerando leitos, profissionais e insumos.

“A vontade da Prefeitura é que toda a cidade estivesse aberta e em funcionamento pleno. Porém, a atual situação da pandemia, de curva ascendente de casos e óbitos pela Covid-19, impede a reabertura de serviços não essenciais. Os índices de ocupação de leitos de UTI e enfermaria seguem altos, mas com novas aberturas e a contribuição da população com o isolamento, conseguimos ter uma pequena redução nos últimos dias. Os atendimentos nas unidades de Urgência e Emergência da Rede SUS-BH e no SAMU aumentaram neste mês. No momento atual, a Prefeitura implanta mais medidas de prevenção e assistência, porém a cidade deve permanecer na fase de controle para que sigamos tendo melhoras nos resultados”, afirma Jackson Machado.

Além disso, ele explica que abrir o comércio pode sinalizar à população que a epidemia está sob controle, quando o número de casos está muito alto ainda.

Indicadores

A Prefeitura usa três indicadores principais: número médio de transmissão por infectado (Rt); taxa de ocupação de leitos UTI Covid e taxa de ocupação Enfermaria Covid. A classificação desses indicadores é feita pelas cores verde, amarela e vermelha. São categorizados em nível verde se houver utilização de até 50% das vagas. Caso a ocupação esteja entre 50 e 70%, o nível será amarelo. E, acima de 70%, vermelho.

O número médio de transmissão por infectado (Rt) estará verde de 0 até 1, amarelo, entre 1 e 1,2, e vermelho, quando estiver acima de 1,2.

Com base nesses três indicadores principais, a Prefeitura de Belo Horizonte, juntamente com o Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19, analisa os números e define o nível de alerta geral, também categorizado pelas mesmas três cores.

A reabertura das atividades é feita em fases subsequentes e cumulativas, conforme a segurança do quadro geral da cidade. A mudança das fases dependerá da análise dos indicadores epidemiológicos e dos resultados publicados no Boletim de Monitoramento. Resultados positivos criam condições para a evolução do processo. Da mesma forma, existe a possibilidade de retorno às fases anteriores, em caso de indicadores negativos.

Ampliação gradativa de leitos

Desde o início da pandemia, em março, a Prefeitura de Belo Horizonte já ampliou o número de leitos de UTI e enfermaria para tratamento da Covid-19 em mais de 550%. Somando os leitos Covid de enfermaria (1.115) e UTI (408), o SUS-BH conta hoje com 1.523 leitos. Em março, eram 234 leitos Covid: 101 de UTI e 133 de enfermaria.

Em julho, a Prefeitura disponibilizou 335 leitos destinados aos casos de Covid na Rede SUS-BH – 77 leitos UTIs e 258 leitos de enfermarias. Em junho foram disponibilizados 262 leitos Covid – 111 leitos de UTIs e 151 leitos de enfermarias. Em maio foram disponibilizados 193 leitos Covid – 3 UTI e 190 enfermarias. Em abril o incremento na Rede SUS-BH foi de 440 leitos Covid – 116 UTIs e 324 enfermarias.

Esse aumento da oferta de unidades para o atendimento de pacientes acompanha o planejamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde junto aos hospitais e a evolução dos indicadores epidemiológicos e assistenciais em relação à pandemia.

70 mil testes

Até o momento, foram realizados cerca de 70 mil exames para detecção da Covid-19 em Belo Horizonte, utilizando o método RT-PCR (exame molecular) – mais efetivo para identificação do vírus na fase inicial da doença – e os testes sorológicos, também conhecidos como testes rápidos. Esses exames foram notificados à Prefeitura por laboratórios públicos e privados, incluindo os processados pelo Laboratório de teste PCR para Covid-19, aberto pelo município, que trabalha em parceria com a Fiocruz/MG e a FUNED. Este número de testes realizados representa 2.786 testes/100.000 habitantes de Belo Horizonte.

Em decorrência da abertura do laboratório e das parcerias, a Prefeitura ampliou a realização de exames para Covid-19 para todos os agentes públicos lotados na Secretaria Municipal de Saúde, sintomáticos ou assintomáticos, com contato domiciliar confirmado para a doença.

Em outra frente, está em fase avançada o Inquérito Sorológico para verificar a evolução da proporção de exames reativos (imunidade) em trabalhadores de categorias profissionais que permaneceram em atividade, mesmo com a implantação do isolamento social. Estão sendo testados profissionais da área da saúde, trabalhadores do transporte coletivo e atendentes e caixas de farmácias, drogarias, supermercados e padarias.

Os trabalhadores foram sorteados para participar deste levantamento, após o cálculo do número de pessoas de cada categoria que deveriam ser testadas, segundo os critérios estatísticos que permitem a validade dos dados encontrados.

Em relação aos materiais destinados a realização dos exames, os kits utilizados foram repassados pela Secretaria de Estado de Saúde.

Na rede SUS-BH os testes RT-PCR são realizados em:

• Pacientes com sintomas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) atendidos em UPAS ou hospitais;

• Todos os profissionais que atuam em unidades da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte: sintomáticos até o sétimo dia de sintomas, assintomáticos com pessoa no domicílio com PCR detectável e a unidades com surto e teste rápido positivo;

• Profissionais de saúde que atuam na assistência direta ao paciente em Belo Horizonte (não vinculados à Secretaria Municipal de Saúde);

• Idosos em instituição de longa permanência (ILPI) acompanhadas pela PBH;

• Cuidadores atuando em ILPIs acompanhadas pela PBH;

• População privada de liberdade;

• População em situação de rua;

• Pacientes renais crônicos dialíticos sintomáticos, inseridos em clínicas conveniadas SUS;

• Trabalhadores avaliados no inquérito Covid-19 (INCOVID19);

• Guarda Civil Municipal (GCM): Guardas Municipais, sintomáticos, avaliados pelo núcleo de Saúde do Trabalhador da GCM encaminhados com impresso próprio.

Mais assistência

A Prefeitura abriu três serviços especializados em doenças respiratórias: Cecovid Barreiro, Cecovid Centro-Sul e Cecovid Venda Nova. As unidades atendem de forma espontânea, ou seja, sem necessidade de agendamento, pessoas com sintomas respiratórios, como tosse, dor de garganta e dificuldade para respirar, sendo acompanhados ou não de febre.

As unidades contam com médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem, auxiliar administrativo e de serviços gerais, além de infraestrutura para atendimento das pessoas com suspeita de Covid-19, conforme as condições clínicas apresentadas. As pessoas com sintomas leves são atendidas, medicadas e encaminhadas para o isolamento domiciliar, e aquelas com casos mais graves são atendidas, medicadas, estabilizadas e, se necessário, são referenciadas para a internação hospitalar para tratamento em leito geral (enfermarias) ou de terapia intensiva (UTI).

O Cecovid Barreiro iniciou as atividades na última sexta-feira, 17 de julho. Até essa quarta-feira (22) foram realizados 479 atendimentos no local. Já no Cecovid Centro-Sul, entre 3 de março e 22 de julho, já foram atendidas 7.408 pessoas. No Cecovid Venda Nova, de 25 de março a 22 de julho, foram atendidas 3.328 pessoas. O total de atendimento das três unidades é de 11.215 pessoas.

Com informações da PBH.
Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Agência Estado

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