Nesta semana, a Justiça Eleitoral deu aval para a realização de uma consulta popular sobre a proposta de mudança da bandeira de Belo Horizonte. O referendo ocorrerá no dia 6 de outubro, juntamente com o 1º turno das eleições municipais de 2024. Assim, os eleitores da capital mineira terão a oportunidade de votar para prefeito, vereador e também decidir sobre a possível alteração do símbolo da cidade.
A discussão sobre a troca da bandeira começou no ano passado, quando a ideia foi debatida na Câmara Municipal. O projeto surgiu após o designer gráfico Gabriel Figueiredo, de forma independente, criar e divulgar nas redes sociais uma nova versão para a bandeira, propondo uma renovação da identidade visual da cidade. O trabalho chamou a atenção dos parlamentares, que decidiram avançar com a proposta.
Brasão ou bandeira?
A atual bandeira de Belo Horizonte foi instituída por lei em 1995 e consiste na aplicação do brasão oficial da cidade em um fundo branco. E foi por causa da insatisfação com esse design que Gabriel propôs uma nova representação.
O artista afirma que as bases de construção de um bom brasão são muito diferentes das que guiam a concepção de uma boa bandeira. Segundo ele, o vexilologista — nome dado aos estudiosos da área — Ted Kaye aponta cinco princípios fundamentais no desenho:
simplicidade;
simbolismo claro;
poucas cores;
evitar frases e emblemas;
ser distintiva.
O especialista citado também defende que as “bandeiras devem ser simples, a ponto de que uma criança consiga desenhá-la de memória”.
Para o designer belo-horizontino, a atual representação “falha em quase todos” esses quesitos, porque tem elementos que não dizem respeito à cidade diretamente ou que não seriam relevantes.
“O brasão da cidade é ótimo, é bom deixar claro. A questão é que brasões não costumam funcionar bem em bandeiras”, completou Gabriel.
Durante o processo criativo para a criação da nova arte, o artista, então, escolheu os únicos componentes que, na visão dele, remetem a BH.
“Ao simplificarmos o brasão, tirando dele todas as informações que não são relevantes para uma bandeira, ficamos somente com os elementos que realmente representam a cidade: o Céu, o Sol e a Serra (do Curral), formando o tal do belo horizonte que dá nome ao município”, explicou.
Dessa forma, a proposta mantém o nascer do sol no Pico Belo Horizonte presente no brasão, mas adequa o desenho a uma linguagem gráfica mais apropriada à estrutura formal de uma bandeira, assim como acontece com os símbolos oficiais de Minas Gerais e do Brasil.
Referendo
A visibilidade que a nova bandeira ganhou ao ser publicada pelo artista nas redes sociais, em novembro de 2022, fez com que, no ano passado, a Câmara Municipal aprovasse um projeto de lei transformando a imagem no símbolo oficial de Belo Horizonte.
Em julho, a lei foi sancionada pelo prefeito Fuad Noman (PSD). No entanto, para o texto entrar em vigor, é necessária aprovação popular por meio de referendo.
A votação será realizado no mesmo dia do 1º turno das eleições de 2024. Os detalhes sobre o funcionamento da consulta ainda serão definidos pela Justiça Eleitoral.
Inicialmente, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) disse que a pergunta da consulta popular já estava definida, mas a informação foi retificada na manhã da última quarta-feira (10). Ela será decidida junto aos demais detalhes em nova reunião do órgão, ainda sem data definida.
Poderão participar da votação os eleitores regularmente inscritos em Belo Horizonte até o dia 8 de maio de 2024, data-limite para alistamentos, transferências e revisão eleitoral.
Com informações do G1.
Foto: Reprodução.