Por Itatiaia
O novo secretário de Estado de Governo de Minas Gerais, Gustavo Valadares (PMN), tomou posse nesta terça-feira (11). Escolhido pelo governador Romeu Zema (Novo) para atuar no núcleo de articulação política do Palácio Tiradentes, o ex-deputado estadual afirmou, na primeira entrevista no novo cargo, que o poder Executivo pretende utilizar o segundo semestre para tentar avançar nas conversas sobre a privatização de empresas públicas. Ele vai dar expediente da Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.
A equipe de Zema deseja vender estatais como a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). O governo ainda não sabe sobre qual das possíveis privatizações vai concentrar os esforços iniciais, mas quer aproveitar o fato de ter o apoio da maioria dos integrantes da Assembleia Legislativa.
“Este governo não tem nenhum receio em dizer que defende as privatizações das empresas do estado. É preciso que a gente coloque essa camisa, principalmente a base governista, e que comecemos, com coragem, a discutir isso. Mas, ao mesmo tempo, com responsabilidade e temperança, sabendo que não podemos dar um passo maior do que a perna. São projetos que precisam ser tratados na Assembleia”, disse Valadares.
No fim do ano passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Parlamento Mineiro aprovou projeto de lei (PL) que autoriza o estado a vender a Codemig. O texto, porém, acabou arquivado por causa da mudança de legislatura.
“Diria que todas as três (privatizações) são prioritárias. Agora: o governo tem a sensibilidade de entender que não podemos fazer tudo de uma vez. Uma delas caminhará primeiro. Ainda não definimos qual será. Mas a nossa ideia é que a gente tenha esse norte das privatizações como algo importante para o segundo semestre”, emendou o secretário de Governo.
Gustavo Valadares era o líder do governo Zema. Ele aceitou convite para ir ao Executivo a fim de substituir Igor Eto (Novo), que comandou a pasta entre março de 2020 e o mês passado.
Como já mostrou a Itatiaia, o governo tem pronto um projeto de lei sobre a privatização da Copasa. A eventual venda da Cemig, por sua vez, precisa ser chancelada por um referendo popular. No início do primeiro mandato de Zema, aliados do governador cogitaram defender uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para retirar a necessidade da consulta pública como aval à desestatização da energética.
A privatização das estatais pode ser uma contrapartida à adesão de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O governo deposita fichas no plano para renegociar dívida de cerca de R$ 160 bilhões contraída junto à União.
‘Gestos’ a deputados podem ser fundamentais
Gustavo Valadares é o primeiro deputado estadual que deixou de exercer o mandato para compor o secretariado de Zema. Em 2019, o então parlamentar federal Bilac Pinto (à época no DEM) saiu do Congresso Nacional para chefiar a pasta de Governo.
O novo secretário falou em fazer “gestos” que mostrem a importância da classe política e da Assembleia Legislativa. Segundo ele, os acenos devem contemplar, também, a oposição a Zema.
“É sensível que a cada dia o governo vinha amadurecendo e entendendo mais a necessidade de se valorizar a classe política. Isso vinha facilitando meu trabalho. Espero que isso continue pelos próximos anos”, assinalou.
Zema não concedeu entrevista à imprensa, mas fez um pronunciamento ao empossar o novo colega de trabalho. Segundo o governador, a escolha por um deputado estadual mostra que a atual gestão tem aprendido a evoluir no modo de fazer política.
Foto: Luiz Santana/ALMG