Com início há uma semana, a campanha de vacinação contra a gripe vem acompanhada de um alerta importante: a doença, muitas vezes subestimada, pode causar complicações sérias e até levar à morte. Em 2024, a gripe causou 156 óbitos em Minas Gerais — número três vezes maior do que o registrado em 2023, quando foram contabilizadas 52 mortes.
Nos primeiros meses de 2025, o cenário continua preocupante: já são dez mortes e 248 internações provocadas pela infecção viral. Em território mineiro, a distribuição de casos entre homens e mulheres é semelhante, mas a maior concentração ocorre em dois grupos etários: pessoas com 60 anos ou mais (35,7%) e crianças com menos de 2 anos (17,7%).
Os dados evidenciam a relevância da vacinação, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. Crianças e idosos integram o público prioritário da campanha. “O imunizante é voltado, principalmente, para crianças, idosos e gestantes, que apresentam maior risco de agravamento da doença e óbito”, afirma Eduardo Prosdocimi, subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Além de crianças entre 6 meses e 5 anos, idosos a partir de 60 anos e gestantes, o grupo prioritário inclui também puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), trabalhadores da saúde, professores, profissionais do transporte, forças de segurança e pessoas com comorbidades ou deficiências.
A vacina aplicada em 2025 oferece proteção contra os vírus H1N1, H3N2 e Influenza B. Ela pode ser administrada em conjunto com outras vacinas do Calendário Nacional de Imunização. A meta da campanha é vacinar 90% do público-alvo, o que representa cerca de 9,4 milhões de pessoas em todo o estado.
O “Dia D” da mobilização nacional está marcado para 10 de maio. A SES-MG informa que a condução da campanha é responsabilidade das prefeituras, que ficam a cargo da organização das ações locais de vacinação.
Como medida complementar, a SES-MG também recomenda o uso de máscaras em caso de sintomas respiratórios ou diagnóstico confirmado de infecção, além da higienização frequente das mãos e manutenção do distanciamento social — cuidados fundamentais para conter a propagação dos vírus.
Outono e inverno elevam risco de infecções respiratórias
Com a chegada das estações mais frias, a ocorrência de doenças respiratórias em crianças tende a crescer. A pneumologista pediátrica Chalene Mezêncio, do Hospital Infantil João Paulo II, explica que a sazonalidade dessas enfermidades é influenciada por diversos fatores combinados.
“Ambientes fechados, com pouca ventilação, e a maior circulação de vírus respiratórios característicos desse período facilitam a disseminação. Crianças que frequentam creches ou têm contato com irmãos em idade escolar ficam mais expostas”, afirma.
Segundo a médica, nem toda febre é motivo de alarme, mas alguns sinais exigem atenção médica imediata. “Febre persistente por mais de três dias, prostração, recusa alimentar, vômitos e dificuldade para respirar — como respiração rápida ou com esforço visível — são sinais de alerta”. Crianças com histórico de problemas respiratórios, como asma ou alergias, devem receber atenção redobrada nesse período.
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