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O dia em que Newton Cardoso pensou em dar a Minas uma saída para o mar Comentário da Manhã - Por Carlos Lindenberg

26 de outubro de 2021, 12h22 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Não é brincadeira, não. O então governador de Minas, Newton Cardoso, já pensou um dia em dar uma saída de Minas Gerais para o mar. Newton sempre imaginou que de fato Minas não só merecia uma saída para o Mar como, em certa época, teve direito a uma praia que se situava em Ponta de Areia. Na verdade, era um pedaço de praia, de 12 quilômetros de extensão, que fazia parte da antiga estrada Bahia-Minas, um trecho ferroviário que começava em Araçuaí e desaguava em Ponta de Areia, no sul da Bahia.

Esse terreno, que não chega a ser uma extensão do território mineiro, foi entregue ao Banco de Crédito Real do Brasil – não se trata do Banco de Crédito Real de Minas Gerais – em pagamento a uma desapropriação ou coisa parecida, mas de fato essa história sempre povoou a imaginação do ex-governador Newton Cardoso que indagava a seus assessores: se Minas tinha uma saída para o mar, graças à estrada Bahia- Minas, por que o Estado não tenta reaver esse terreno? Se era um possível direito, por que não tentar a reconquista de um pedaço de Minas com uma saída para o mar? Essa ideia não saía da cabeça do governador, ainda mais quando sua assessoria lhe informou sobre esse contencioso.

Quando o baiano de Guanambi, Nilo Coelho, governou a Bahia, uma cidade próxima de Brumado, onde Newton Cardoso nasceu, a ideia da reconquista do terreno voltou com força à cabeça do governador, mas logo Nilo foi substituído por Antônio Carlos Magalhães, antigamente um parceiro de Newton, sobretudo no episódio dos cinco ou seis anos para o então presidente José Sarney, de quem ACM foi ministro das Comunicações, para de repente tudo voltar à estaca zero. E por que, se até então tudo caminhava bem, a despeito da sutileza do tema? Porque, malvado como lhe caia bem o apelido, Antônio Carlos Magalhães, instado por um repórter sobre a troca do terreno, saiu atirando pedras no governador de Minas que preferiu colocar uma pá de cal sobre o sonhado “mar de Minas” para depois, quem sabe, voltar ao assunto. Como o assunto nunca mais voltou, a não ser agora, quando a Assembleia Legislativa começou a levantar a hipótese de fazer a permuta com base na velha Bahia-Minas, como uma espécie de compensação ao Estado de Minas Gerais, que ficou sem estrada e sem mar, até pela recomposição das antigas linhas férreas que cortavam o Estado, o debate voltou à ordem do dia, mas provavelmente sem chance de prosperar até porque o velho leito da Bahia-Minas hoje está tomado por edificações de todo tipo, o que torna mais difícil tratar do assunto. Mas não deixa de ser uma boa história: afinal, Minas já teve uma saída para o mar, mais precisamente uma saída com a qual sonhou um dia o governador baianeiro Newton Cardoso, na localidade de Ponta de Areia, eternizada na música de Fernando Brant e Milton Nascimento.

Foto: reprodução

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