Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
Mas logo em Minas, onde se imaginava que o ex-presidente Lula teria grandes facilidades para montar o seu palanque, a construção desse jogo virou uma barafunda.
Ninguém entende mais nada do que virou o palanque de Lula.
De repente, quem era lulista virou Ciro Gomes, caso do ex-prefeito Alexandre Kalil; quem seria líder do governo no Senado, caso de Carlos Viana, virou candidato ao governo do Estado – se não virar eleitor do governador Romeu Zema –; e quem poderia ajudar a montar o palanque de Lula no Estado, o senador Alexandre Silveira, pode ser o líder de Bolsonaro no Senado Federal.
Dá para entender um jogo desses? E ainda dizem que o jogo está sendo jogado.
É possível. Mas a maior possibilidade era outra: Lula teria o apoio de Kalil, que por sua vez montaria o palanque lulista no Estado, só que, de repente, o jogo embolou. Kalil botou o pé no barranco em defesa do senador Alexandre Silveira – que vem de substituir Anastasia, que foi para o TCU -, o deputado Reginaldo Lopes cismou de entrar na disputa para o Senado, atrapalhando os planos de Alexandre Silveira, e o jogo que estava fácil complicou para Lula, que agora precisa recorrer ao ex-presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro, terceiro colocado na sua última disputa, mas com mais de 3 milhões de votos, e ao ex-ministro de Lula, Saraiva Felipe, que se filiou ao PSB, para ajudar a montar um terceiro palanque para Lula no Estado, caso a hipótese de Dinis não se confirme.
Para o articulador dessas negociações, Roberto Carvalho, um ex-deputado estadual que se formou nas lutas internas do DER-MG, faltava tempero nessa feijoada, feita quem sabe com fava ao invés do feijão-preto, de forma que ainda muita água vai passar debaixo da ponte, para usar outro jargão da política, sabendo-se que no início dessa negociação o ex-prefeito Alexandre Kalil foi instado a mudar de partido, indo para o PSB, para ficar mais à vontade ao pedir votos pelo interior afora.
Kalil, contudo, não arredou pé, permanecendo com Alexandre Silveira. O problema agora é sustentar Alexandre na liderança de Bolsonaro no Senado, caso em que Kalil ficará prensado entre o presidente, com quem não se dá bem, Carlos Viana e Romeu Zema.
Uma sinuca de bico para o ex-prefeito que só terá um caminho: se reencontrar com Ciro Gomes, do PDT, já que ambos usam a mesma linguagem e terão Lula como alvo-comum.
Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo