Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
A 25 dias do segundo turno das eleições presidenciais, o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro rearrumam as casas para o segundo embate entre os dois. Já começam a movimentar as pedras que decidirão o pleito, talvez o mais importante desde a redemocratização do país, em 1988.
E por que talvez o pleito mais importante desde 1988? Porque, em primeiro lugar, o país sai dessas eleições radicalmente dividido entre a esquerda e a direita – como nunca se viu antes. Segundo, porque a direita finalmente saiu do armário. Isso quer dizer que a direita, fascista ou não, até porque o jogo ainda está sendo armado, terá força no Congresso.
Não se pode negar a verdade de que o Congresso que se vai instalar em janeiro é muito mais conservador do que esse que aí está. E olha que esse já até passou dos limites. De tal sorte que ainda se pergunta se vamos ter posse ou não em janeiro, dado o conservadorismo que se instalou no Congresso Nacional, talvez até pior na Câmara dos Deputados, onde já se começa a questionar o comportamento dos institutos de pesquisa, como se tivessem cometido erros clamorosos a ponto de mudar o resultado eleitoral.
Mas dizia aqui que as casas começam a ser arrumadas para a segunda etapa do jogo, ainda que vários governadores e senadores já tenham sido proclamados vencedores, entre eles o de Minas Gerais, Romeu Zema, que correu a se apresentar em Brasília para oferecer a sua vitória ao presidente da República, numa atitude subalterna, quando o que se esperava é que Bolsonaro viesse a Minas para fechar um acordo que pode até ser cumprido ou não, a depender dos prognósticos.
De qualquer forma, o jogo está sendo remontado. Nomes de peso já se movimentam, já começando a se decidirem, como é o caso do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que vai apoiar o ex-presidente Lula. Ou a senadora Simone Tebet, que também dará seu apoio ao petista, ainda que o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), tenha oferecido seu apoio a Bolsonaro.
Com isso, aliás, fechando o ciclo chamado de triângulo das Bermudas, juntando São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país, onde, à exceção de Minas, Bolsonaro foi derrotado.
Ciro Gomes, candidato do PDT nas últimas presidenciais, é outro nome que também apoia Lula, ainda que ele tenha dito que acompanhará o partido, não citando Lula nominalmente. Lula, por sinal, estará em Belo Horizonte no próximo domingo para uma passeata cujo trajeto ainda está em elaboração. O ex-presidente deve cuidar de Minas com atenção, ele que venceu aqui, porque hoje quem vai estar em Belo Horizonte é o presidente Jair Bolsonaro.
O apoio de Rodrigo Garcia a Bolsonaro de certa forma está provocando algumas baixas no governo paulista, entre eles Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados que foi convocado por João Dória para dirigir a pasta de planejamento estratégico.
Mais três outros secretários deverão deixar também o governo paulista, causando baixas que poderão mudar o resultado do jogo em São Paulo, ainda que não possam ter tantos votos assim. De seu lado, o ex-presidente Temer anunciou ontem seu apoio a Bolsonaro e a Tarcísio de Freitas na sucessão presidencial e ao governo do Estado, que enfrenta Fernando Haddad, no que parece ser uma disputa ferrenha, a menos que o vice de Lula, Geraldo Alckmin, entre em campo e vire o jogo tanto em favor de Lula quanto em favor de Haddad.
O governador eleito em primeiro turno do Pará, Helder Barbalho (MDB), também anunciou seu apoio ao ex-presidente Lula, assim como José Serra e o economista Arminio Fraga. Enfim, é a casa sendo rearrumada para o que Lula disse domingo que será uma espécie de prorrogação. O fato é que a soma dos votos de Simone Tebet e de Ciro Gomes poderiam garantir a vitória de Lula, ainda que nos últimos dias tenham aparecido vários cartazes e banners pregando o voto em Lula e Zema, uma combinação exógena, porque conflitante.
Em tempo: a TV Minas ainda não explicou a censura imposta à entrevista do deputado recém-eleito Guilherme Boulos, dada à TV Cultura de São Paulo, preferindo passar aqui um enlatado.
Foto: Lula: AFP / Jair Bolsonaro: Agência