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Obra sacra desaparecida é recuperada em antiquário de BH Imagem de Senhora Santana, levada há mais de 40 anos de comunidade rural de Patos de Minas, foi comprada no Rio de Janeiro, em 1984.

10 de dezembro de 2024, 10h26 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

O patrimônio cultural de Minas Gerais tem mais um motivo, neste mês de festas natalinas, para comemorar. Será devolvida à comunidade rural de Santana dos Patos, em Patos de Minas, na Região do Alto Paranaíba, a imagem da padroeira local, Santana, que os moradores católicos chamam carinhosamente de Senhora Santana. O anúncio da restituição do bem, ainda sem data prevista, foi feito no domingo (8/12), pelo coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC)/Ministério Público de Minas Gerais, Marcelo de Azevedo Maffra.

Na ocasião, Maffra e sua equipe participavam, em Sabará, na Grande BH, da entrega da imagem de São José de Botas, desaparecida havia 77 anos da Matriz Nossa Senhora da Conceição. De acordo com a CPPC/MPMG, o estado tem 1.921 bens desaparecidos, tendo sido resgatados 644 e restituídos, incluindo o São José de Botas, 135. No total de 2,7 mil cadastrados pela instituição, a maior parte (1.071) contempla documentos, seguindo-se os objetos sacros (834).

A imagem de Santana Mestra esculpida em madeira, com 82cm de altura e 47cm de largura, desapareceu do templo, distante 30 quilômetros da sede municipal, no início da década de 1980. Conforme a CPPC/MPMG, a plataforma Sondar recebeu a denúncia de que a imagem fora localizada num antiquário de Belo Horizonte. “Fizemos o contato com a recomendação de entrega do bem, e, em 2 de setembro deste ano, a peça foi devolvida na coordenadoria. Os dados extraídos de recibo apresentado mostram que a imagem de Santana foi comprada em 27 de janeiro de 1984, no Rio de Janeiro (RJ)”, explicou Maffra.

O extravio, portanto, ocorreu em data anterior a 1984. “Em conversa com os moradores do distrito de Santana de Patos, não tivemos uma data precisa do desaparecimento. Eles apenas mencionaram que se deu na década de 1980. O que coincide com as informações obtidas em pesquisa”, disse o coordenador da CPPC.

CLIMA FESTIVO

A devolução da imagem da padroeira é esperada com alegria em Santana de Patos, onde a Igreja Matriz se encontra em processo de restauração. “Recebemos com muito carinho, há alguns dias, a notícia de que a imagem de Senhora Santana foi encontrada. Temos testemunhos de algumas pessoas que sabem até como foi retirada da Igreja Matriz”, conta o monsenhor Leandro Siqueira Silva, titular da Paróquia Senhora Santana e vigário geral da Diocese de Patos de Minas.

Monsenhor Leandro informa que “o povo da localidade sempre lamentou a perda da imagem tão preciosa, e, após ser encontrada, a alegria tomou conta de todos os santanenses”. Para a maioria, acrescenta, a volta, para a Matriz, era só um “sonho”, e essa nova realidade fez com que a comunidade se enchesse de entusiasmo.”

HISTÓRIA

Em 1816, foi erguido o primeiro templo católico – uma capela particular – do povoado, atual distrito de Santana de Patos. Depois, dona Ana Soares da Encarnação doou parte de suas terras para a construção de uma capela pública dedicada a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria e avó de Jesus, escolhida como padroeira do lugar, e por ter seu nome. Essa segunda parte da história ocorreu em 1822, ano da Independência do Brasil.

A Igreja Matriz segue o estilo artístico do barroco mineiro. Em 19 de julho de 1872, foi criada a paróquia, sendo instituída oficialmente em 8 de setembro de 1873. Luiz Ferreira da Silva foi nomeado o primeiro vigário. Atualmente, o templo passa pelo processo de restauração liderado por monsenhor Leandro Siqueira.

Devido a problemas estruturais, a matriz ficou fechada durante 10 anos. Em 2023, foi concluída a primeira fase, com reforço dos pilares, reparos no telhado e reorganização completa da parte elétrica. A iniciativa se tornou possível graças à parceria entre a Prefeitura de Patos de Minas e a comunidade.

Neste ano, iniciou-se a segunda etapa da restauração, que pode ser chamada de “fase artística” da obra, segundo monsenhor Leandro. Os trabalhos começaram pela parte externa, com a recuperação dos beirais e janelas, e também pelo forro de madeira da parte interna.

1.921
bens estão desaparecidos em Minas

644
foram resgatados e restituídos

Com informações do Estado de Minas.
Foto: MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS/DIVULGAÇÃO.

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