Por G1
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se reuniu nesta sexta-feira (26) com governadores para discutir ações de combate à pandemia do novo coronavírus. O encontro foi virtual.
Esta foi a primeira reunião de Pacheco com governadores após o anúncio de criação do comitê anti-Covid pelo presidente Jair Bolsonaro para definir medidas de combate à pandemia.
Após a reunião com ministros, governadores e chefes dos Três Poderes em Brasília, Bolsonaro anunciou a formação do grupo em parceria com o Congresso para definir medidas de combate à pandemia.
O grupo é formado por Bolsonaro; Pacheco; pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e por uma autoridade a ser escolhida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Representantes dos estados não participam.
Na ocasião, Pacheco foi escolhido para intermediar as conversas entre o comitê e os governadores. A reunião desta sexta é a primeira com o objetivo de ouvir as demandas dos estados para depois repassá-las ao comitê federal anti-Covid.
Encontro
Após a videoconferência, Bolsonaro foi até a residência oficial visitar o presidente do Senado. Pacheco disse que contou ao presidente da República os pedidos feitos pelos governadores. De acordo com o parlamentar, Bolsonaro recebeu “com tranquilidade” as informações.
Pacheco informou que o comitê federal vai se reunir na próxima segunda-feira (29). Disse ainda que vai falar com o grupo da necessidade de se ouvir os governadores que ficaram de fora do comitê.
Para o senador, Bolsonaro precisa assumir uma “coordenação política” das medidas que envolvam a pandemia.
“Fizemos uma compilação das ideias dos governadores, basicamente envolvendo a questão da coordenação nacional que, de fato, precisa existir atrás da presença do presidente da República, de assumir essa coordenação política, igualmente do credenciamento ao ministro da Saúde para que o ministro possa fazer essa coordenação técnica, com base na ciência, com base na medicina, com ações que sejam efetivas”, disse o senador.
Pacheco citou algumas demandas feitas pelos governadores:
- disponibilização imediata de insumos usados na sedação de pacientes;
- fornecimento de oxigênio;
- ajuda aos estados para financiamento da abertura de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI);
- uniformização do Plano Nacional de Imunização (PNI) para permitir que, entre os estados, haja igualdade em relação às faixas etárias imunizadas;
- centralização do fornecimento de vacinas e insumos aos estados;
- na área econômica, os pedidos se relacionam à securitização da dívida, precatórios, prorrogação das parcelas de um programa de crédito de apoio a micro e pequenas empresas, o Pronampe.
De acordo com o presidente do Senado, a Casa votará na próxima semana nova rodada da Lei Aldir Blanc, que assiste o setor da Cultura e os artistas independentes durante a pandemia.
Encontro
Com exceção de Acre e Alagoas, os demais estados foram representados na videoconferência. Sergipe, São Paulo e Tocantins mandaram vices à reunião.
Wellington Dias (PT), governador do Piauí, criticou a ausência dos estados e municípios no comitê. O petista coordena o fórum que representa os entes.
“O tema principal é vacinas, ao que propusemos que possamos fazer uma agenda em conjunto com o secretário da Organização Nacional das Nações Unidas, para que possamos ter a entrega de vacinas, a sensibilidade do mundo para ajudar o Brasil com mais vacinas”, afirmou o governador do Piauí nesta sexta.
Segundo a assessoria de Dias, entre as demandas levadas pelos governadores ao presidente do Senado na reunião, estão:
- meta de ter 1 milhão de brasileiros vacinados por dia até o meio de abril e 2 milhões até maio;
- acompanhamento, de forma integrada entre União e estados, do cumprimento dos contratos e cronogramas de entregas de insumos e vacinas por outros países;
- pedido de agenda com o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres;
- apoio aos municípios em relação à Atenção Básica de Saúde, à distribuição de máscaras e kits de higiene, à implementação de barreiras para entrada nas cidades e também barreiras sanitárias nos aeroportos.
Saída de Ernesto Araújo
Pacheco disse ainda que voltou a falar com Bolsonaro sobre a atuação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e reiterou as suas críticas quanto à articulação da diplomacia brasileira para obter ajuda externa no enfrentamento da crise sanitária.
“Consideramos que a política externa do Brasil ainda está falha, precisa ser corrigida. É preciso melhorar a relação com os demais países, inclusive com a China, porque a China é o maior parceiro comercial que temos do Brasil”, disse Pacheco.
“Então, eu considero que, para além de uma avaliação pessoal sobre o desempenho do ministro, vamos falar sobre ideias, sobre propostas e comportamentos. E isso precisa melhorar na relação externa do Brasil”, afirmou.
O presidente do Senado contou que Bolsonaro ouviu as suas ponderações, mas que não sinalizou se haverá troca ou não no comando do Itamaraty.
“Apenas ouviu e vejamos o que pode ser feito. Na verdade, com um ministro A ou com ministro B, o que importa é um ministério que funcione e é isso o que nós desejamos em relação ao Ministério das Relações Exteriores”, disse Pacheco.
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