Home Política País que sairá das urnas estará irremediavelmente dividido e com travos amargos de revanchismo

País que sairá das urnas estará irremediavelmente dividido e com travos amargos de revanchismo

24 de outubro de 2022, 08h48 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Felipe Nunes

O jornalista Thomas Traumann escreveu esta semana sobre polarização e divisão social utilizando os dados da mais recente pesquisa Genial/Quaest. Segundo ele, ‘o Brasil que sairá das urnas no domingo, 30, é um país partido ao meio’.

Veja a polarização descrita na aceitação do comportamento eleitoral dos outros: 37% dos eleitores do presidente Jair Bolsonaro acham que votar no ex-presidente Lula é inaceitável, 34% dos eleitores de Lula acham o mesmo de quem bancar a reeleição.

Uma clássica pergunta sobre a polarização afetiva é a aceitação do outro na família. Perguntados sobre sua reação caso o filho ou a filha se cassasse com um militante do outro grupo político, 48% dos eleitores de Lula e 33% dos de Bolsonaro disseram que ficariam ‘infelizes.

Ao longo desta campanha, 42% dos eleitores de Lula dizem que pioraram suas opiniões sobre os que votam em Bolsonaro, enquanto 35% dos bolsonaristas dizem o mesmo sobre o outro lado.

Segundo a pesquisa, 11% dos eleitores romperam relações familiares ou de amizade em função da política. É cômodo achar que esses sentimentos são parte da emoção das eleições e que depois do dia 30, as coisas vão melhorar. Ledo engano, diz a pesquisa.

Entre os pesquisados, 15% dos petistas e 9% dos bolsonaristas romperam relações em função da política. E 38% dos lulistas e 32% dos bolsonaristas acham que as amizades rompidas pela eleição não serão recuperadas.

Medir a intolerância dentro da sociedade é uma área recente da ciência política. Até o começo do século se falava em polarização partidária para explicar a divisão entre republicanos e democratas nos EUA ou de tucanos e petistas no Brasil.

O que se enxerga hoje é um fenômeno distinto, batizado de polarização afetiva. A identificação de cada um com o seu grupo ideológico cresce ao mesmo tempo que a rejeição a quem pensa diferente. O que antes era uma divergência, passa a ser o motivo de rompimento.

Vivendo dentro de uma bolha onde todos pensam igual, o eleitor passa a consumir apenas informação que vai de acordo com a sua opinião, numa espiral onde o que é fato e o que fake passam a depender do viés de confirmação.

Foto/Imagem: FDR

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