Por Hoje em dia / Blog do Lindenberg
Há um massacre contra os palestinos – disso não se pode duvidar. O que também não quer dizer que Israel não
tenha direito ao bom uso da terra prometida. Faz muito tempo eu li um livro de Leon Uris – acho que é assim mesmo que se escreve – em que ele dizia que era suficiente um garçom agredir alguém em Las Vegas para que a ocupação da Terra Prometida fosse para o beleléu. O título do livro, se não me engano, era Exodos. Pois a destruição de Jabala comprova isso – um bombardeio em que médicos e crianças foram simplesmente soterrados. E os corpos deles cobriam o chão semidestruído. Um horror!
O que não se entende é que palestinos e judeus – leiam a Questão Judaica para que se entenda melhor o que ocorre no Oriente Médio – têm o direito de habitar a mesma região. O ataque do Hamas foi uma consequência dessa disputa – e, sim, foi desumano aquele ataque no início de outubro, atingindo jovens em plena festa e todos aqueles que cruzavam o caminho do grupo preparado para matar. Mas não vem de hoje essa disputa em que o Hamas vem levando certa vantagem até porque ele domina aquela faixa de terra de pouco mais de dois milhões de habitantes, na verdade uma nesga de terra tomada por vielas escondidas sob ruelas em que se esconde o Hamas. Daí também a fúria de Israel que não deixa nada sobre a face da terra. Olha, é tudo muito estranho. Há ódio no olhar das pessoas.
Mas não se pode deixar de acreditar na diplomacia brasileira. Ainda ontem o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, ligou para o seu colega de Israel pedindo a liberação de um corredor humanitário pelo qual duas dezenas de brasileiros esperam a liberação para sair da faixa de Gaza. Na verdade, são 34 brasileiros, metade crianças e boa parte com dupla nacionalidade. O Brasil, a despeito dos esforços da diplomacia brasileira, ficou de fora das três primeiras listas que incluíram sobretudo americanos – não por acaso.
As autoridades brasileiras estão incomodadas com a falta de critérios claros para a escolha dos estrangeiros que querem sair de Gaza. Há informações de restrições políticas ao Brasil por manter diálogo com países como a Turquia e o Irã. O presidente Lula tem conversado tanto com o presidente de Israel e do Egito, tendo até mesmo tentado aprovar uma resolução no Conselho da ONU, apesar do veto dos Estados Unidos. Aliás essa questão do veto é um outro lado dessa história macabra. Como se pode ter na reunião da ONU um veto sob o qual todos se submetem?
O que parece dar razão ao embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzebem, que disse ao UOL que “parece haver mais valor à ´vida e ao sangue´ de cidadãos de países ricos na elaboração das listas de cidadãos estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza pela fronteira de Rafah”. “Não quero exagerar, mas possivelmente é porque somos do Terceiro Mundo e o sangue e a vida daquele Primeiro Mundo vale mais. O mundo parece estar tendo um desequilíbrio. Quando se trata da morte de palestinos parece um “efeito colateral” e que a vida deles não vale quanto a dos outros. Esta é uma realidade que sentimos e o resto do mundo está sentindo”.
Ao falar sobre o ataque ocorrido ontem, sexta-feira, a um comboio de ambulâncias, em Gaza, Alzeben disse não ter dúvidas sobre a responsabilidade de Israel. Para o embaixador palestino, “os Estados Unidos têm nas mãos o poder de ao menos estabelecer uma pausa humanitária em Gaza. Quem pode parar esse conflito são os Estados Unidos, que estão dando carta branca para que Israel siga cometendo há 28 dias o massacre contra o povo palestino”. O embaixador reclamou ainda que os Estados Unidos sempre usam o seu poder de veto, como recentemente quando o Brasil costurou um acordo que poderia impedir o massacre contra os palestinos. “Há uma chacina”, disse o embaixador.
No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que o ministro Alexandre de Moraes quer tirá-lo da política para sempre. O ex-presidente é considerado inelegível e há dois dias ele foi autuado, assim com o seu ex-vice, Braga Neto, a uma multa de 425 mil reais. Para o ex-presidente Jair Bolsonaro “Moraes quer me excluir da política”.