Por Metrópoles
A Polícia Federal pediu para o delegado Bruno Calandrini explicar a denúncia de possíveis interferências na inquérito que apura esquema de corrupção no Ministério da Educação (MEC). A ação deflagrada na última quarta-feira (22/6), levou o ex-ministro Milton Ribeiro à prisão.
O policial, agora, terá de detalhar qual é a interferência e como ela supostamente ocorreu.
Um procedimento interno foi instaurado pela corporação. Por meio de nota, a PF afirmou que, “considerando boatos de possível interferência na execução da Operação Acesso Pago e objetivando garantir a autonomia e a independência funcional do Delegado de Polícia Federal, conforme garante a Lei nº 12.830/2013, informamos que foi determinada a instauração de procedimento apuratório para verificar a eventual ocorrência de interferência, buscando o total esclarecimento dos fatos.”
Pouco depois da divulgação do comunicado, o jornal Folha de S. Paulo revelou, contudo, que o delegado Bruno Calandrini enviou uma mensagem a colegas em que a investigação foi “prejudicada” em razão de tratamento diferenciado dado pela polícia ao ex-ministro de Jair Bolsonaro.
Calandrini afirmou não ter “autonomia investigativa para conduzir o inquérito deste caso com independência e segurança institucional”.
“O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP é demonstração de interferência na condução da investigação, por isso, afirmo não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o inquérito policial deste caso com independência e segurança institucional”, diz trecho da mensagem.
A prisão preventiva de Milton Ribeiro acabou derrubada pelo desembargador Ney Bello Filho, do TRF-1, nesta quinta. A falta de acesso das defesas dos investigados aos fundamentos da prisão preventiva foi usada pelo desembargador como argumento para conceder liberdade a Ribeiro.
Fontes da PF informaram à coluna que a transferência do ex-misnitro da carceragem de São Paulo para Brasília não foi possível porque a aeronave da corporação estava em missão no Paraná.
Investigação
No mandado de prisão, o juiz Renato Borelli cita quatro crimes: corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
O ex-ministro é investigado por supostamente participar de um esquema de corrupção envolvendo pastores e distribuição de verbas no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do MEC.
Os líderes religiosos negociavam com prefeitos a liberação de recursos federais – mesmo sem ter cargo no governo. A PF também cumpriu mandados em endereços dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. Eles são ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontados como lobistas que atuavam no MEC, quando a pasta era comandada por Ribeiro.
Foto: PF/Divulgação