Por G1
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (10) uma operação para combater o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.
A operação Libertação tem como objetivo proteger a população Yanomami por meio da interrupção do garimpo ilegal.
De acordo com a Polícia Federal, para impedir o garimpo ilegal, os agentes devem trabalhar em duas frentes: a inutilização da infraestrutura que sustenta o crime e a busca por provas.
“O foco neste momento é interromper a prática criminosa e proporcionar a total e efetiva retirada dos não indígenas da Terra Yanomami, preservando os direitos humanos de todos os envolvidos”, diz PF.
Como reforça o chefe da Diretoria de Meio Ambiente e Amazônia da PF, Humberto Freire, “o foco das ações é na logística do crime e no registro da materialidade delitiva, não nas pessoas envolvidas, de modo a evitar que haja dificuldades na saída dos não indígenas da Terra Yanomami”.
O diretor ressalta também a importância de se evitar uma outra crise humanitária, em relação aos garimpeiros que não consigam sair da área e também acabem sem meios de subsistência mínima. “Não podemos esquecer que o foco principal da operação é a desintrusão total dos não índios da TI Yanomami”, reforça.
A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros estejam na Terra Indígena Yanomami. A ação ilegal deles causou uma crise humanitária sem precedentes no território. São pouco mais de 30 mil Yanomami na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, tem sofrido com o avanço do garimpo ilegal, que só em 2022 cresceu 54%.
A operação Libertação segue em andamento até o restabelecimento da legalidade na Terra Indígena Yanomami, afirma a PF. A ação de combate ao crime é liderada pela Polícia Federal e composta pelo Ibama, Funai, Força Nacional e Ministério da Defesa.
As ações de planejamento são realizadas no Centro de Comando e Controle da operação Libertação, localizado na Superintendência Regional da Polícia Federal em Roraima para permitir a atuação, de maneira integrada, dos órgãos envolvidos na ação.
A operação faz parte das ações de repreensão ao garimpo ilegal na Terra Yanomami. Na última quarta-feira (8), a força-tarefa do governo federal destruiu um avião, um trator de esteira e estruturas usadas pelos garimpeiros no apoio logístico da atividade.
A ação apreendeu três barcos com cerca de 5 mil litros de combustível. As embarcações transportavam cerca de uma tonelada de alimentos, freezers, geradores e antenas de internet. Tudo foi apreendido e encaminhado à base da força-tarefa no local.
Operação contra lavagem de dinheiro
A PF deflagrou outra operação nesta sexta esta contra a lavagem de dinheiro oriundo de ouro ilegal. São cumpridos oito mandados de busca e apreensão, bem como de bloqueio de bens, em Roraima e Pernambuco.
O objetivo da operação é investigar uma organização criminosa que estaria por traz do esquema de lavagem de dinheiro. Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima.
Fuga dos garimpeiros
A ofensiva contra os garimpeiros ilegais, responsáveis pela crise humanitária sem precedentes dentro do território Yanomami, iniciou com o fechamento do espaço aéreo pela Força Aérea Brasileira (FAB). No entanto, a FAB anunciou a criação de três corredores aéreos para a saída voluntária dos invasores.
Com o espaço aéreo liberado, os garimpeiros chegaram até a reclamar do preço dos voos clandestinos e bloquearam uma pista de pouso ilegal para impedir que aeronaves clandestinas pousem.
Os garimpeiros comentam que atualmente os voos clandestinos custam R$ 15 mil por pessoa — antes, custavam R$ 11 mil.
Vídeos que circulam nas redes sociais desde a última quinta-feira (31) mostram homens e mulheres em grupos deixando a região caminhando pela floresta e pelos rios, em barcos lotados.
Foto: Bruno Kelly/Reuters