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PF: milícia pagava “mesada” de até R$ 300 mil à delegacia de Rivaldo Delegado preso por suspeita de matar a vereadora Marielle Franco recebia propina da milícia para não investigar crimes, diz PF em relatório.

25 de março de 2024, 18h40 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso Marielle revela trecho de depoimentos do miliciano Orlando Curicica em que é citada uma rotina do pagamento de propinas para a Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, com o objetivo de barrar investigações de assassinatos. O valor da propina teria chegado a R$ 300 mil.

Um dos presos por suspeita de ser mandante da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes é o delegado Rivaldo Barbosa, que teria um esquema criminoso enquanto comandava a Delegacia de Homicídios, segundo a PF.

Curicica narrou que essa delegacia recebia mensalmente entre R$ 60 mil e R$ 80 mil, além de remessas adicionais, para não investigar execuções relacionadas às milícias no Rio de Janeiro.

Em um dos casos, uma pessoa ligada ao bicheiro Rogério de Andrade teria dado R$ 300 mil para a Delegacia de Homicídios, com o objetivo de não investigar a morte do sargento da reserva Geraldo Antônio Pereira, morto em um estacionamento de academia no Recreio, em maio de 2016.

Investigações barradas
Curicica também cita outros casos de assassinatos que não foram investigados por causa do pagamento das propinas para a polícia: a morte do presidente da Portela, Marcos Falcon, executado por dois homens encapuzados em setembro de 2016, na Madureira, zona oeste do Rio; e a do contraventor Heylton Carlos Gomes Escafura e da esposa dele, encontrados mortos no Hotel Transamérica, na Barra da Tijuca, em junho de 2016.

Além do delegado Rivaldo, foram presos no domingo (24/3), por suspeita de serem mandantes da morte de Marielle, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o irmão dele, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio.

Propina com esposa
Orlando Curicica chega a exemplificar um episódio de extorsão que ele e a esposa sofreram na época em que Rivaldo era chefe da Delegacia de Homicídios.

“Foi um inquérito que eu fui extorquido pelo próprio doutor Rivaldo, que era o chefe de polícia”, diz Curicica em trecho do depoimento, citado no relatório da PF sobre o caso Marielle.

Nesse caso, específico, ele e a esposa teriam entregado a quantia de R$ 20 mil para um subordinado do delegado Rivaldo.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Rivaldo Barbosa e aguarda um posicionamento. O espaço segue aberto.

Com informações do Metrópoles.
Foto: Breno Esaki/Metrópoles @BrenoEsakiFoto.

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