“Redes sociais não são terra sem lei”, afirmou o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Agostinho Patrus (PV), em reunião com parlamentares e representantes do movimento negro, nessa terça (9), na sede do Legislativo mineiro, em Belo Horizonte (MG).
No encontro, lideranças entregaram abaixo-assinado em solidariedade à deputada Andréia de Jesus, alvo de constantes ameaças na internet, e pediram atenção da ALMG na defesa da vida e na preservação do mandato da parlamentar.
Em 4 de novembro, o presidente da ALMG já havia manifestado apoio à deputada em perfil oficial no Twitter, determinando que fossem tomadas “todas as medidas necessárias para resguardar a segurança da parlamentar”. Nessa terça, Agostinho Patrus voltou à mídia social e elevou o tom sobre as ameaças virtuais, reforçando o compromisso na proteção da deputada Andréia de Jesus. “Minas Gerais não admitirá ameaças que busquem intimidar parlamentares e atacar a democracia. (…) O ódio jamais será normalizado em Minas”, asseverou.
A reunião na Presidência da ALMG aconteceu logo após manifestação de deputados, vereadores e movimentos sociais em frente à sede do Legislativo mineiro contra ameaças sofridas pela deputada. “Essas pessoas aqui, falando que eu as represento, mostra que estou no lugar correto. Temos que lutar para ter mais mulheres negras na política”, disse Andréia de Jesus durante o ato. Uma das ameaças recebidas pelo Instagram fazia referência ao assassinato da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro, em 2018. “Vamo lhe matar (sic). Seu fim será como o de Marielle Franco. Pra tu ficar de exemplo (sic)”, escreveu o agressor anônimo.
Na oportunidade, Agostinho Patrus confirmou que acionou imediatamente as Polícias Legislativa, Civil e Militar para assegurar a integridade da parlamentar e a “devida representatividade democrática no Estado”. Segundo a deputada, foram mais de 3 mil ataques de injúria desde que defendeu, como presidente da Comissão de Direitos Humanos, a investigação de uma operação da Polícia Militar em Varginha, no Sul de Minas, ocorrida em 30 de outubro.
Em entrevista coletiva concedida à imprensa na última quinta (4), a deputada confirmou que investigações já estão em curso nas forças de segurança do Estado. “Toda ameaça tem um fundo de verdade. Estamos trabalhando nisso e já levamos as denúncias para a delegacia de crimes cibernéticos. A própria Assembleia Legislativa também registrou boletim de ocorrência”, afirmou Andréia de Jesus.
Desde o início de novembro, a deputada tem sido escoltada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar. A Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil também instaurou inquérito para apurar as ameaças, bem como as circunstâncias, a motivação e a autoria do crime.
Foto: Victor Oliveira/ALMG