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Presidente do Chile condena falas de Bolsonaro em ataque a Bachelet Ao rebater Michelle Bachelet, o presidente Jair Bolsonaro elogiou a ditadura do Chile e atacou o pai da ex-presidente do país, morto na prisão durante o regime de Pinochet.

5 de setembro de 2019, 13h12 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, repudiou a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o assassinato do pai da ex-presidente chilena Michelle Bachelet e seu elogio à ditadura de Augusto Pinochet. “Não concordo, em absoluto, com a declaração feita por Bolsonaro a respeito de uma ex-presidente do Chile e, especialmente, a um tema tão doloroso quanto a morte de seu pai”, disse Piñera em pronunciamento nessa quarta-feira (4).

Além de voltar a elogiar o golpe de Estado que levou o general Augusto Pinochet ao poder – depondo o presidente socialista Salvador Allende -, Bolsonaro e que a ex-presidente Bachelet está “seguindo a linha” do presidente da França, Emmanuel Macron, tentando se “intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira” ao falar de direitos humanos.

E acrescentou: “(Ela) Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época.”

Segundo investigações, o militar sofreu um infarto quando estava na prisão, onde foi torturado durante a ditadura Pinochet (1973-1990). Um processo contra dois dos envolvidos concluiu que o ataque cardíaco estava diretamente relacionado à violência sofrida pelo pai da ex-presidente.

Bachelet, que governou o país andino em duas ocasiões – (2006-2010) e (2014-2018) e é alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, tinha dito que “o espaço democrático no Brasil está encolhendo, a violência policial aumenta e a apologia à ditadura reforça a sensação de impunidade, e defensores de direitos humanos estão sob ameaça.”

Ela falou ainda sobre o aumento de violência policial. De janeiro a junho, disse ela, só no Rio de Janeiro e São Paulo, 1.291 indivíduos foram mortos pela polícia.

“Podem ser ações policiais, mas quero destacar que é uma alta de 12% a 17% comparado ao mesmo período do ano passado. Vimos que a alta da violência atinge mais as pessoas de ascendência africana ou as que vivem em favelas”, disse a alta comissária.

Após o ataque do presidente brasileiro, Sebastián Piñera, presidente do Chile, de direita, e o primeiro chefe de Estado a receber Bolsonaro como presidente, afirmou em declaração no palácio presidencial de La Moneda, em Santiago, que tem ‘diferentes visões’ e devem ser sempre expressadas ‘com respeito às pessoas’.

“É de público conhecimento meu permanente compromisso com a democracia, a liberdade, e ao respeito aos direitos humanos em todo o tempo, em todo lugar, em toda circunstância”, disse ainda que não compartilha da alusão de Bolsonaro a Bachelet e seu pai.

Foto: AFP

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