Home Brasil Presidente Jair Bolsonaro é criticado por ‘gestão criminosa’ e mortes na pandemia no Parlamento Europeu

Presidente Jair Bolsonaro é criticado por ‘gestão criminosa’ e mortes na pandemia no Parlamento Europeu Eurodeputados destacaram o 'negacionismo' e a 'necropolítica' do presidente brasileiro. Conservadores também apresentaram críticas, mas sem citar Bolsonaro nominalmente.

30 de abril de 2021, 08h30 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, virou alvo de críticas no Parlamento Europeu ontem (29), em uma sessão para discutir a pandemia na América Latina. Durante o debate, foram criticados o “negacionismo” e a “necropolítica” do mandatário brasileiro.

No debate, os deputados conclamaram a União Europeia (UE) a aumentar a cooperação com a América Latina em geral, não apenas na compra e distribuição de vacinas, mas também no combate à desinformação sobre o vírus. O objetivo da sessão era discutir justamente o impacto da pandemia na América Latina e como a União Europeia pode ajudar os países latino-americanos a enfrentar a Covid-19.

O presidente brasileiro recebeu duras críticas por sua gestão na Pandemia do Coronavírus que já matou no país 400 mil pessoas.

“Com a gestão criminosa de Bolsonaro, ele em vez de fazer guerra ao vírus faz guerra contra a ciência”, acusou o deputado espanhol Miguel Urban Crespo, da esquerda europeia.

Para o deputado, o presidente brasileiro faz “necropolítica e lesa humanidade”, acrescentando que “Bolsonaro é não apenas um perigo para o Brasil, mas para o mundo inteiro”.

A deputada Maria Manuel Leitão, do Partido Socialista português, notou que a pandemia castigou mais a América Latina, que tem 8,4% da população mundial, mas já conta 25% das mortes totais causadas pela covid. “Precisamos ajudar na compra, produção e distribuição de vacinas e no combate à desinformação”, afirmou.

A deputada alemã Anna Cavazzani considerou que a tragédia sanitária no Brasil poderia ter sido evitada, e acusou o presidente Bolsonaro de estratégia deliberada. Observou que há uma diferença entre tentar combater o vírus e se recusar a fazer isso.

Deputada alemã Anna Cavazzani fala sobre Bolsonaro no Parlamento Europeu Foto: Reprodução/Parlamento Europeu

Bolsonaro, desde o começo, se recusou a tomar medidas com base científica, encorajou manifestações de massa, questionou a vacinação, foi à Justiça contra governadores que decretaram medidas de confinamento, e quase 400 mil pessoas estão mortas”, acusou.

Leila Chaib, da esquerda francesa, falou de “política criminosa de Bolsonaro”, enquanto Fabio Castaldo, do Movimento 5 Stelle italiano contou no plenário do Parlamento Europeu que no Brasil pessoas entubadas são amarradas na falta de sedativos.

A deputada portuguesa Isabel Santos, da social-democracia, denunciou o “mais irracional negacionismo de Bolsonaro e de ele ter feito tudo para a população não ser vacinada. Não foi erro, mas irresponsabilidade deliberada. O tempo e o povo vão julgá-lo”.

A deputada sueca Jutty Guteland, da aliança progressista europeia, reclamou que a situação ficou pior no Brasil com a “falsa propaganda” do presidente brasileiro. A deputada Isazkun Bilbao Barandica, do Renova Europa, acrescentou que a “atuação de Bolsonaro ajuda o vírus a matar’”.

A deputada húngara Kattalin Cseh comparou a atuação de Bolsonaro ao que vê em seu país também, em termos de negacionismo da dimensão da crise.

Entre parlamentares de centro-direita, o tom foi igualmente de condenar o negacionismo. Alguns não mencionaram Bolsonaro, mas “líderes negacionistas que cometeram inumeráveis erros”. Mas destacaram também erros na Europa no combate ao vírus.

O deputado espanhol Jordi Canas sugeriu cooperação em vez de querer dar lições à América Latina, no que foi seguido por parlamentares como Joachim Stanislaw Brudzinski, da Polônia, José Manuel Fernandes, de Portugal, Leopoldo Gil, da Espanha, e Paulo Rangel, de Portugal.

A  maioria dos deputados defendeu flexibilização de patentes para produção de vacinas. Insistiram na importância de a UE contribuir nas campanhas de vacinação na América Latina e no combate ao fake news.

A comissária europeia para estabilidade financeira, Mairead McGuinness, reconheceu o “impacto devastador” do vírus na América Latina e observou que a cooperação com a região vai continuar firme.

Os legisladores conservadores que participaram no debate também apresentaram críticas, mas sem mencionar o nome do presidente brasileiro.

O Brasil é o país mais populoso da América Latina, com 212 milhões de habitantes. Na sequência vêm México (128 milhões), Colômbia (50 milhões) e Argentina (45 milhões).

Países mais afetados

Brasil e México são também os países latino-americanos mais afetados pela pandemia. O Brasil é o segundo do mundo em número de mortes (398 mil) e o terceiro em casos confirmados (14,4 milhões), atrás apenas de Estados Unidos e Índia.

O México é o terceiro em óbitos (215 mil) e o 15º em infectados (2,3 milhões), mesmo sendo um dos que menos testa no mundo. O país tem uma média diária de 100 testes a cada 1 milhão de habitantes, patamar próximo ao de nações africanas como Gana (90), Quênia (109) e Togo (110).

A Colômbia é o 11º país com mais mortes (72 mil) e o 12º em casos (2,8 milhões). A Argentina, o 14º em óbitos (62 mil) e o 11º em infectados (2,9 milhões).

Países com mais mortes por Covid a cada 1 milhão de habitantes:

1. Hungria2,8 mil

2. República Tcheca2,7 mil

3. San Marino2,6 mil

4. Bósnia e Herzegovina2,5 mil

5. Montenegro2,36 mil

6. Bulgária2,34 mil

7. Macedônia do Norte- 2,2 mil

8. Eslováquia – 2,1 mil

9. Bélgica – 2,08 mil

10. Eslovênia – 2,03 mil

11. Itália – 1,9 mil

12. Reino Unido – 1,88 mil

13. Brasil – 1,87 mil

14. Peru – 1,84 mil

15. Polônia- 1,75 mil

16. Estados Unidos – 1,73 mil

17. Croácia – 1,71 mil

18. México – 1,67 mil

19. Espanha – 1,667 mil

20. Portugal- 1,664 mil

Fonte: Our World in Data (28/04/21)

CPI da Covid

As críticas ao presidente  Bolsonaro ocorrem na semana em que o Senado brasileiro instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação do governo na pandemia, no momento em que o país contabilizou 400 mil mortes.

Em sua live tradicional de quinta-feira, Bolsonaro disse que não está preocupado com a investigação.  Ontem, ele voltou a criticar as medidas restritivas e lamentou as mortes no país: ‘Chegou a um número enorme de mortes aqui’. Sem manifestar muita solidariedade ele disse ser necessário “se acostumar com o vírus”.

 

 

 

Com G1 e Época

Foto: reprodução

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