Home Minas Gerais Primeira doutora indígena da UFMG, Célia Xakriabá celebra conquista histórica: ‘Não serei a última’

Primeira doutora indígena da UFMG, Célia Xakriabá celebra conquista histórica: ‘Não serei a última’ Deputada federal por Minas Gerais trata de saberes ancestrais em tese de doutorado.

31 de outubro de 2024, 11h51 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Pela primeira vez na história, uma mulher indígena se tornou doutora pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL) defendeu a tese “Ancestraliterra – Sabedoria indígena na política e na universidade”, que propõe uma integração entre os saberes tradicionais dos povos indígenas e o conhecimento acadêmico.

O trabalho de Célia, apresentado no departamento de antropologia da instituição, valoriza o conhecimento ancestral, a partir de uma visão de território que transcende a geografia, com o conceito de que “o corpo é território e o território é corpo”.
Além disso, a deputada apresenta a ideia de “mulheres-semente”, que são as pioneiras na produção de conhecimento, como as benzedeiras e as parteiras.

O trabalho da mais recente doutora valoriza os saberes tradicional e científico, mostrando que as duas formas de conhecimento não são antagônicas e podem caminhar juntas. Para isso, ela usa a academia para defender o território e a cultura indígenas, a partir de um olhar de pertencimento e não apenas de observação.

Como não poderia deixar de ser, a política também está presente no trabalho da parlamentar, que destaca suas origens no Cerrado, onde o pequi, fruto considerado o “ouro do Cerrado”, simboliza o respeito e o cuidado com a natureza, em contraste com a exploração predatória dos recursos naturais. Ela perpassa a sua luta dentro do território e por acesso a espaços representativos, como a universidade e a política partidária.

Célia ainda destaca a importância da sua produção acadêmica e de sua presença no espaço de produção de conhecimento científico como a inauguração de um novo possível para os povos indígenas.

“Eu sou a primeira, mas não serei a última”, enfatiza.

A tese de Célia ainda não está disponível ao público.

Com informações do Brasil de Fato MG.
Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados.

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