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Quando a política tira a roupa e mostra o corpo sem nenhum pudor Comentário da Tarde - Por Carlos Lindenberg

21 de julho de 2021, 16h50 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

A política quase sempre se despe das vestes brancas para assumir as cores vivas dos paetês e em situações assim se transforma em uma coisa vulgar, promíscua. Vejam o caso do futuro ministro da Casa Civil, na reforma ministerial que Bolsonaro vai anunciar segunda-feira. Quem ele chama para o lugar do chefe da Casa Civil, o general Luiz Eduardo Ramos? Quem, num dia de 2017, chamou o atual presidente da República de “fascista” e que anunciou que votaria no ex-presidente Lula se ele fosse candidato – não foi, como conta a súmula o Tribunal Superior Eleitoral.

Não duvidem porque o senador piauiense Ciro Nogueira, presidente do PP, foi convidado pelo presidente Bolsonaro para a Casa Civil, numa tentativa de colocar mais um nome do Centrão num ministério e com isso reforçar a sua base de apoio no Congresso, em vias de se esfacelar graças ao que a CPI da pandemia vem revelando, como o caso do ministro Eduardo Pazzuelo, na época na Saúde, negociando a compra de vacinas Covaxin pelo tripo do preço de mercado.

O presidente vai convocar um outro nome do mesmo centrão para reforçar seu time, deslocando possivelmente o ministro Onix Lorenzoni para quem sabe, o ministro do Trabalho a ser recriado e deslocando o general Luiz Eduardo para o lugar de Lorenzoni. Com isso, o presidente se mantém protegido pela guarda pretoriana representada pelos generais que o cercam – Pazuello continua – e tenta se fortalecer junto ao Centrão, chamando para o lugar do general alguém que um dia, quem sabe profeticamente, o chamou de “fascista”.

Do exterior o futuro ministro, antigo admirador do ex-presidente Lula, comunicou o convite ao presidente da Câmara e líder do Centrão, Arthur Lira, e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, praticamente oficializando o convite, restando ao presidente da República, no entanto, azeitar melhor as peças de seu ministério, onde na verdade quem manda é Bolsonaro e todos só fazem o que ele quer – não veem o caso das vacinas? E o rompimento dele com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, a quem Bolsonaro responsabiliza pelo aumento da verba do fundo eleitoral que passará de 2 para quase 6 bilhões de reais, tendo recibo do vice-presidente uma dura e mal criada resposta. Mas no caso de Ciro Nogueira, e veja como é feita a política em alguns momentos, se ele de fato assumir a Casa Civil, a sua mãe, Eliane Nogueira, que é suplente dele, assumirá a cadeira no Senado. A política caiu ou não na mais deslavada promiscuidade?

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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