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Quando o novo já nasce velho na política e reproduz os mesmos vícios de 50 anos atrás

23 de novembro de 2019, 00h39 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

O jogo começa a ficar bruto no Norte de Minas e em outras regiões do Estado, onde ainda há vários cargos federais para serem preenchidos. E tudo como se fazia na velha política: com apadrinhamento, a despeito de gente nova que entrou para a vida partidária há pouco tempo, mas que parece já ter herdado os vícios antigos, a despeito do que vem dizendo o presidente Jair Bolsonaro – que não indica ninguém para cargos públicos a não ser pela meritocracia. O presidente sabe que não é assim.

Agora mesmo o Norte de Minas assiste a um espetáculo que bem justifica os usos e costumes políticos do passado – e mais uma vez é preciso convocar o testemunho de Jair Bolsonaro. Ora, há no norte do Estado, uma região que perdeu as últimas grandes lideranças em tempos recentes, portanto vazia de líderes verdadeiros, vários cargos para serem preenchidos. Mas o que fazem os cultores da velha e agora da nova política também? Pegam os eternos “cabos eleitorais”, bate-paus que não fazem outra coisa senão transacionar votos, para se transformarem em “soldados” de suas causas, nem todas legítimas e algumas presumivelmente ilegais.

Isso tudo sob as vistas do governo do presidente Bolsonaro por que, na verdade, tudo passa pela secretaria geral da Presidência da República, onde fica um general para receber pedidos dos parlamentares e expedir ordens de nomeação – tudo como há 50 anos, ou seja, nada mudou nos hábitos e costumes dos velhos e novos políticos brasileiros. A prática é a mesma. Todos se nivelam por baixo quanto se trata de nomear “cabos eleitorais” cujo único mérito, como já dito, é pegar votos para eleger novos e futuros deputados, já que serão nomeados unicamente para isso. O mais incrível é que fazem isso sem rodeios, ainda que se apresentem como novidade na política, porém usando as velhas táticas do passado que, dizem, pretendem mudar. Mudar como, se repetem as atitudes de 50 anos atrás? O que é pior: copiam o que há de mais nefasto nos hábitos e costumes dos que enchem o peito para falar das “velharias” de ontem. Ou seja, já chegam na vida pública velhos e como velhos se comportam com o agravante de reproduzirem em escala maior os vícios de ontem.

Há situações que, se reveladas, serão capazes de comprometer a vida política desses “novos” agentes das mudanças. Simplesmente porque não há mudanças. Mas o problema não acontece apenas no Norte de Minas, nem em Minas Gerais apenas. É em todo o país. Os supostamente novos já chegam à política envelhecidos e não conseguem sair dessa armadilha, daí porque repetem os velhos vícios. Na verdade, não trazem os saudáveis hábitos das mudanças. De novo trazem apenas a ideologia. Que também não é nova, pelo contrário, é a mais antiga possível desde que a transvestem com modelos ultrapassados de convivência social, de relações com o trabalho e da própria atividade política. É uma pena o que se vê no país quando se observa, por exemplo, um deputado mal saído dos cueiros a fazer o que faziam os seus avós, os antigos e agora mais do que atuais “coronéis” da vida pública. O general Ramos, da secretaria geral da Presidência da República, que o diga. É por ele, na verdade uma espécie de estafeta do presidente da República, que passam esses pedidos que já chegam ao seu gabinete com o bolor próprio da coisa antiga, ultrapassada, porque os ditos “novos” não conseguem esquecer o passado até porque não entenderam o presente. Minas, nesse sentido, como de resto o país, não mudou, nem mudará tão cedo, porque aqui o novo já nasce velho. E traz os mesmos vícios que nem a Revolução de 30 nem o Golpe de 64 conseguiram apagar.

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