Por DCM
Wilson Aliano, de 72 anos, confessou ter colado um bilhete com ameaças no portão da Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, em São Paulo. Apesar de escrever para o pároco da igreja, o padre Julio Lancelloti, que “seu dia de reinado vai acabar”, ele negou que teria a intenção de ameaçar o líder religioso.
Aliano é ex-empresário e descendente de Miguel Aliano, um italiano que chegou ao Brasil no fim do Século XIX em busca de emprego. Como promessa para sua mãe, devota de São Miguel Arcanjo, ergueu a capela na região central da capital paulista após prosperar fora da Europa em 1891. Em 1938, seus herdeiros construíram outra capela, esta no bairo da Mooca, e doaram à Cúria Metropolitana na década de 1960.
Segundo o Metrópoles, Julio Lancellotti informou que, recentemente, Wilson teria ido à Paróquia pedindo que a doação feita por sua família fosse desfeita. “Ele esteve lá esses dias pedindo documentação de batismo. Foi informado que da época que ele pediu não era paróquia ainda. Ele sabia disso, mas estava implicado com o tratamento que se dá com a população de rua e ficou xingando, ofendendo e dizendo que ia entrar na Justiça para anular a doação”, explicou o padre.
Lancellotti, ocultando o sobrenome de Wilson, também explicou que o autor da ameaça não seria o “único herdeiro” de Miguel Aliano. “A família é muito grande. Foi uma família muito benfeitora. Tenho até um pouco de receio de expor a família”, disse.
Na tentativa de empreender, Wilson Aliano fundou, em 2000, uma empresa na área de gerenciamento de carreira de atletas e artistas, a Vitali No Brasil, mas deu baixa no negócio em 2008.
Bilhete que encontrei hoje cedo na porta da igreja . pic.twitter.com/YcypVMga2O
— JULIO LANCELLOTTI (@pejulio) August 27, 2023
Por sua dedicação às pessoas em situação de rua, padre Júlio virou alvo recorrente de ataques bolsonaristas. Em 2020, durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, o deputado federal cassado, Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, impulsionou fake news dizendo que o religioso seria um “cafetão da miséria”. A mentira foi disseminada por militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de liberais que ganhou notoriedade pedindo o Impeachment da ex-presidenta Dilma Roussef, em 2016.
No início de 2022, o religioso denunciou outra abordagem ameaçadora, mas que daquela vez recebeu no Instagram. Uma bolsonarista enviou a seguinte mensagem para o padre: “Seu merda do caralho!! Faz dinheiro com a miséria alheia!! Eu pago imposto seu merda, quem você pensa que é para colocar mendigo embaixo da ponte… ser assaltada!! Seu merda, coloca na nojenta da sua igreja!!”.
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