Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
Por uma espécie de imposição editorial, escrevo essas mal traçadas linhas depois das últimas pesquisas e após o debate da Rede Globo que poderia ou não definir o resultado das eleições. Até aqui, Lula tem 49% neste segundo turno e Bolsonaro, 44%. Ou Lula tem 53% dos votos válidos e Bolsonaro tem 47%. No primeiro turno, Lula teve 48,43% dos eleitores e Bolsonaro terminou com 43,2%.
Vê-se, por aí, que é um páreo equilibrado, a despeito da vantagem que o ex-presidente Lula vem mantendo sobre o presidente Bolsonaro desde o início da campanha. Mas como dizia Élio Gáspari, meu antigo chefe na revista Veja, quem ganhar esse debate – ou esses debates – leva a taça, a despeito do terror que Bolsonaro vem fazendo contando com a ajuda dos caminhoneiros que, dizem, vão parar o Brasil, numa onda de terrorismo sem que o governo faça qualquer coisa.
Pelo contrário, parece estimular esse tipo de atitude, depois daquele factoide de que a campanha de Bolsonaro teve menos inserções de rádio do que a de Lula, ou ainda, depois daquela palhaçada de Roberto Jefferson, domingo passado, no que parece ter sido uma coisa armada para fazer do ex-deputado uma espécie de vítima da Polícia Federal.
A tal ponto que, ao que parece, as vítimas de Roberto Jefferson se recusariam a encontrar-se com o presidente da República por não terem tido do chefe a solidariedade necessária. Na verdade, o presidente disse que quem troca tiros com bandidos é também bandido, numa referência supostamente ao ex-deputado.
Contudo, não deixa de chamar a atenção o fato de o ministro da Economia, Paulo Guedes, se desdizer agora, depois de apregoar que não haveria aumento real para o salário-mínimo nem para os aposentados e pensionistas do INSS, de que o salário-mínimo especialmente poderá ter um aumento real de 2%, o que está sendo entendido como uma resposta de Guedes ao ex-presidente Lula de que, num possível governo dele, o salário-mínimo terá aumentos reais.
Seria, assim, um balão de ensaio para provocar o ex-presidente Lula, num momento em que todas as atenções estavam voltadas para o debate de ontem à noite.
A atenção, no entanto, tanto de Lula quanto de Bolsonaro, está concentrada em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, com mais de 16 milhões de eleitores.
Por isso, Minas tem sido tão visitada tanto por Lula quanto por Bolsonaro. Aliás, já dizia Guimarães Rosa – “Minas são muitas” – o que, no dizer de Bruno Carazza, do Valor, e professor da Fundação Dom Cabral, “a dinâmica eleitoral mineira reflete os movimentos da política nacional por causa da heterogeneidade geográfica e demográfica de seu povo”.
E reza a lenda de que o vencedor em Minas acaba também ganhando a Presidência da República. Pelo menos tem sido assim desde Getúlio Vargas.
Foto: reprodução