Por Itatiaia
Vice-líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) disse, nesta quarta-feira (19), que o fechamento do Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte, é “irrevogável”. A fim de rebater um grupo de vereadores da capital mineira que tenta uma articulação em prol da reabertura do terminal, o parlamentar afirmou que a União vai concluir, ainda neste mês, o processo de transferência do terreno para o poder Executivo municipal.
“O fechamento do aeroporto é uma decisão irrevogável e o discurso higienista e preconceituoso adotado pelos que querem sua reabertura é o mesmo que perdeu nas urnas nas eleições de 2022”, afirmou Rogério, em nota escrita de forma conjunta com o vereador Bruno Pedralva, também filiado ao PT.
Nessa terça-feira (18), 13 vereadores, liderados por Braulio Lara, do Novo, assinaram projeto de lei (PL) que, na prática, tenta retomar o funcionamento do aeroporto. Os parlamentares municipais querem que a área do terminal tenha o zoneamento alterado. Braulio, aliás, diz ter o apoio de 10 mil pessoas que subscreveram abaixo-assinado em prol da retomada dos pousos e das decolagens.
Assim, o espaço poderia ser utilizado apenas para atividades voltadas ao desenvolvimento econômico — o que inviabilizaria o plano da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) de erguer um novo bairro no local.
“A decisão de fechamento do aeroporto tem sido discutida há alguns anos e foi uma decisão tomada pelo governo federal, através do presidente Lula. A transferência do patrimônio da União para o município de Belo Horizonte será concluída no dia 30 de julho. Na segunda-feira, a Prefeitura de BH apresentou o novo projeto em espaço aberto com grande participação de moradores da Regional Noroeste. A proposta foi aclamada pela plenária”, lê-se em outro trecho do texto de Rogério e Pedralva.
Segundo os petistas, a mudança de classificação do terreno, pleito de Braulio, é prerrogativa exclusiva do Conselho Municipal de Política Urbana de Belo Horizonte (Compur-BH), por mexer no plano diretor da cidade. Eles afirmam, ainda, que apenas o poder Executivo tem o poder de apresentar estudo de impacto sobre a eventual alteração — que precisaria de ser aprovada por dois terços dos 41 vereadores.
“Infelizmente, o vereador quer apenas tentar atrapalhar algo que tem a aprovação de ampla maioria da população local e será extremamente útil”, protestam.
O novo bairro desejado pela prefeitura
Desde que o Aeroporto Carlos Prates teve as atividades aéreas suspensas, em 1° de abril, o poder Executivo belo-horizontino passou a defender a criação de um novo bairro no local. A principal voz favorável à ideia é o prefeito Fuad Noman, do PSD.
O novo bairro pensado pela Prefeitura de BH prevê a construção de empreendimentos como um parque público e um centro cultural. A ideia é ter, ao todo, 4,5 mil unidades — 70% delas destinadas a moradias. O restante deve ser ocupado por comércios.
Uma escola e uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) também estão no escopo do projeto. Há, ainda, plano para a construção de ao menos duas travessias sobre o Anel Rodoviário.
Protestos de Braulio Lara e resposta de Fuad
Ao posicionar-se do outro lado, Braulio Lara cita tópicos como o papel do Aeroporto Carlos Prates enquanto sede de escolas de pilotagem.
“Já existem centenas de imóveis prontos no centro da cidade que poderiam ser reformados e transformados em unidades habitacionais. Além disso, foram feitas inúmeras promessas para as áreas do Isidoro e Granja Werneck, e nada avançou. Agora o prefeito quer usar o mesmo discurso populista de moradia popular ao custo de um aeroporto pronto em área privilegiada da capital”, falou ele, ao defender o projeto que barra a construção do bairro.
Nesta quarta-feira, ao visitar obras viárias no Bairro Castelo, na Pampulha, Fuad Noman rebateu o político do Novo.
“Nunca vi vereador ser contra moradia popular. É a primeira vez que vejo um vereador ser contra moradias populares. Temos um imenso déficit habitacional, para (a população de) baixa renda em Belo Horizonte. Estamos propondo criar ali mais de 3 mil moradias populares. O objetivo é esse”, assinalou, à Itatiaia.
Foto: Flavio Tavares / O TEMPO