Uma possível viagem ao exterior do secretário geral do governo, Mateus Simões (Novo) ao sair de férias bem no auge da pandemia tem gerado mais um desconforto para o governo de Minas.
A informação é do jornal o Tempo que segundo publicação diz que o deslocamento foi no dia 13 de março. Parlamentares têm criticado decisão.
Dois dias depois da possível viagem, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades na aplicação de vacinas em servidores públicos do Estado, na semana de recordes consecutivos na média móvel de mortes por Covid-19 no Estado.
Simões, em contato com a coluna do jornal, não negou nem confirmou o destino.
Ao ser perguntado se via algum tipo de risco de críticas por parte da Assembleia pela viagem durante a instalação da CPI, Simões afirmou que “como não atua na área da Saúde e não tem qualquer relação com a comissão”, não via razões para os deputados se preocuparem.
Indagado, depois, se viajar durante o auge da pandemia não poderia ser visto como algo negativo, o secretário disse que já tinha se pronunciado e que, se houvesse “outras questões”, a coluna deveria procurar a assessoria de comunicação.
Nos bastidores, fala-se que Simões escolheu a Europa como destino, o que foi rebatido por ele em tom de ironia. “A informação está errada. Ao que me conste, aliás, a Alemanha está fechada para brasileiros”, disse.
O líder da oposição na Assembleia, deputado André Quintão (PT), fez algumas ressalvas à viagem do secretário. Embora tenha dito que enquanto parlamentar não possa avaliar decisões da vida privada de Simões, o petista afirmou que o momento exige um esforço concentrado de todas as autoridades e que “não parece o momento mais adequado para viajar”. “Aí a responsabilidade é do governador de avaliar se era o momento de abrir mão de um auxiliar dele”, afirmou Quintão.
Um deputado disse à coluna, sob condição de anonimato, que discorda veementemente da postura de Simões, principalmente por ele integrar o Comitê Extraordinário de Covid-19 do Estado e viajar logo durante as medidas mais rígidas tomadas pelo colegiado. “Era o momento para estar presente, não para estar distante”, disparou.
Cássio Soares (PSD), relator da CPI dos Fura-Filas, disse acreditar que o secretário “deve ter tido os motivos para essa pausa” e, por conhecê-lo, imagina que deixou um substituo à altura. Ele pontuou, entretanto, que se não houvesse “motivos para tanto, a viagem seria um mal exemplo”.
Sávio Souza Cruz (MDB) relativizou a ausência do secretário e disse que ele não tem tanta atribuição com a pandemia e com a CPI. O emedebista, inclusive, é integrante da comissão. O deputado João Vítor Xavier (Cidadania), que presidente o colegiado, viu com naturalidade a viagem, já que “todos têm direito a ter vida privada”. “Não vejo problemas nisso. Se a pessoa esperar um momento bom na política, não sai nunca”, afirmou Xavier.
Já Guilherme Da Cunha (Novo) disse que não viu nenhuma movimentação de constrangimento na Assembleia e que não vê problemas também nas férias do correligionário.
“Usufruir do período de férias é um direito de todos os gestores e servidores. Além disso, mesmo em seu período de férias, o secretário Mateus Simões participa de reuniões e despachos remotamente, quando necessário”, informou o governo por meio de nota.
Com o Tempo
Foto: Flávia Cristini/G1