Montado para receber até 740 pacientes com a Covid-19, mas sem realizar nenhum atendimento, o Hospital de Campanha no Expominas, em Belo Horizonte, começa a ser desmontado ainda nesta semana. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (10) pelo secretário de governo, Mateus Simões. A unidade conta com 768 leitos — 740 de enfermaria e 28 de estabilização — exclusivos para pacientes com covid-19, localizado no Expominas, em Belo Horizonte.
O anúncio foi feito em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (10) pelo secretário-geral do estado, Mateus Simões, ao responder à última pergunta da entrevista.
“Desde o mês passado, vem sendo discuto sobre qual seria o momento em que a gente poderia fazer a desmontagem [do hospital de campanha]. A gente aguardava os índices de segurança de ocupação hospitalar da Região Metropolitana, os números estão estáveis dentro das duas últimas semanas e, portanto, nesta semana [o governo] começa a desmontar a estrutura física [do hospital de campanha]”, disse o secretário.
A medida, conforme o gestor, será feita devido à ocupação dos leitos na região metropolitana estar estável há duas semanas. “Lembrando que todas as camas e os equipamentos vão ser absorvidos pelos serviços de saúde que atendem a idosos no Estado. Então, não haverá perda de nada do que está ali”, garantiu.
O Hospital de Campanha foi inaugurado em abril, mas somente em julho entrou em operação. No período, a unidade não realizou nenhum atendimento. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) destacou que os leitos do espaço não foram utilizados, pois não houve necessidade, uma vez que não faltou vagas para os infectados.
Em quatro meses, o hospital de campanha instalado no Expominas, em Belo Horizonte, custou, ao governo de Minas Gerais, cerca de R$ 2 milhões de manutenção, segundo informações disponibilizadas pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG). Mesmo com um gasto médio de R$ 500 mil por mês ou R$ 15 mil por dia, o espaço não recebeu, até agora, nenhum paciente.
Segundo o TCE, o dinheiro gasto com o hospital de campanha é proveniente de “recursos recebidos por danos advindos de desastres sócio-ambientais”, dentro do orçamento da Polícia Militar, que é responsável por gerir o espaço.
A título de comparação, o G1 Minas fez o cálculo, e com esta quantia daria para comprar 8 mil testes RT-PCR, considerando o valor médio de R$ 250 a unidade. Este é o teste mais indicado para a realização de diagnósticos de Covid-19. O valor daria também custear 800 diárias de um leito de terapia intensiva, que gira em torno de R$ 2.500 por dia. Ou comprar 40 respiradores pelo preço que o estado comprou, de cerca de R$ 50 mil.
Dos R$ 5,3 milhões investidos na instituição, R$ 4,5 milhões são provenientes de doações financeiras de parcerias com instituições privadas, como a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e R$ 800 mil de recursos públicos. A operação do hospital, que também ficou a cargo do governo, custou, últimos quatro meses, cerca de R$ 2 milhões.
Foto: Divulgação/Imprensa MG/Pedro Gontijo